Alunos do curso de Medicina Veterinária fizeram uma viagem para aprender mais sobre Equideocultura.
Uma grande viagem levou os alunos e a professora Maria Gazzinelli, do curso de Medicina Veterinária, para os estados do Paraná e Rio Grande do Sul. O principal objetivo da viagem era visitar criações de cavalos Crioulo e Puro Sangue Inglês, para que os alunos pudessem adquirir novas vivências e aprender ainda mais sobre a profissão — na prática e com profissionais da área.
Segue o relato da professora Maria Gazzinelli:
“No dia 13/10 saímos de Viçosa - MG em direção ao Sul do Brasil, com o objetivo de visitar criações de cavalos Crioulo e Puro Sangue Inglês (PSI) — duas raças que não são comuns em Minas Gerais. O primeiro contato com a raça Crioula começou no Paraná (Cabanhas Rosazul e São Rafael) e foi até o Rio Grande do Sul (Bagé), onde visitamos as Cabanhas Capanegra e Estrela do Sul. As quatro Cabanhas, incrivelmente, se complementaram, em cada uma, um novo aprendizado e uma nova lição.
A Cabanha Rosazul, onde foi nossa primeira visita, mostrou um tipo de criação intensiva, cujo principal objetivo é a participação nas competições da raça, desde a fase de potros à fase adulta. Em contrapartida, a Cabanha São Rafael, representada pelo médico veterinário Luiz Mário, nos apresentou um sistema de criação extensivo e uma preocupação admirável em preservar o comportamento natural da espécie. Foi uma manhã de conversa muito produtiva em que contamos com a presença da médica veterinária, Erika Weber, que muito contribuiu para a programação das nossas visitas. Foi dada aos alunos a oportunidade de formarem novas referências profissionais, o contato com pessoas evoluídas e conscientes sobre a produção sustentável de equinos.
Já em Bagé – RS, tivemos o enorme prazer de visitar a Cabanha Capanegra e fomos recebidos pelo médico veterinário José Moura. Também técnico e jurado da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC), José Moura nos apresentou o padrão racial. Tivemos a oportunidade de julgar alguns animais, e, o mais esperado para muitos alunos: entender e presenciar a simulação de uma prova do freio de ouro, a principal competição da raça.
Ainda faltava um detalhe, o desejo dos alunos de montarem um cavalo crioulo era imenso e isso pôde ser realizado na Cabanha Estrela do Sul. É indescritível a maneira gentil com que fomos recebidos pela proprietária Jack Goes, pela sua filha Aline, pelo médico veterinário responsável pela propriedade, Guilherme, e pelos demais funcionários da estância. Recentemente instalados no Rio Grande do Sul, a propriedade conta com um plantel de importantes animais da raça crioula e, por isso, tem uma preocupação em tecnificar a produção dos equinos, respeitando a rusticidade da raça, em um manejo semi-intensivo.
A nossa experiência com os cavalos de corrida (raça PSI) começou no Haras Doce Vale, em que fomos recebidos pelo Márcio e pela Aline, que tanto nos ajudou na programação das visitas em Bagé. Foi impactante desde o primeiro momento em que o ônibus entrou na propriedade, caracterizada pelo requinte das instalações e pelas extensas pastagens muito bem formadas por azevém e campo nativo. A docilidade e o sistema de criação mais extensivo dos animais nos surpreendeu em todas as propriedades visitadas, uma vez que esperávamos o contrário no PSI.
Assim como nas Cabanhas, os haras de PSI visitados se complementaram, em cada haras um foco diferente nas discussões. No Haras Old Friends fomos recebidos pelo carismático Emílio, médico veterinário responsável pela haras, que além de contribuir muito para o aprendizado sobre o manejo de neonatos e manejo reprodutivo dos animais, serviu de exemplo para os alunos ao contar sobre sua trajetória profissional.
Há 32 anos como médico veterinário responsável pelo Haras Mondesir, Paulinho nos apresentou a propriedade. A visita começou com uma discussão valiosa sobre o manejo de pastagens — um dos pontos que nos chamou bastante atenção nos haras visitados. Além de uma boa conversa sobre manejo geral, apresentação das instalações e animais, o veterinário finalizou a visita contando aos alunos sobre o segredo de trabalhar tanto tempo numa propriedade tão importante. E a última frase será sempre lembrada: “fazer sempre o certo e com boa vontade”.
O último haras de PSI visitado foi o Niju, localizado também em Bagé, às margens do Rio Negro. E a recepção não foi diferente, o médico veterinário Raul, dotado de uma didática impressionante, elucidou todos os procedimentos realizados durante o acompanhamento de partos das éguas PSI, com uma aula incrível de obstetrícia. Além disso, Raul compartilhou toda a sua experiência sobre ortopedia de potros — área de seu grande interesse —, manejo de pastagens, manejo nutricional e manejo sanitário. Foi maravilhoso ver o quanto todas as propriedades foram importantes para a formação completa dos alunos.
Finalizando nossa viagem, passamos pela Fazenda Santa Rita, onde hoje é uma central de reprodução equina, de propriedade da médica veterinária Guta Alonso. Fomos alegremente recebidos pela veterinária residente da central, Mariana Abreu. A visita complementou o que faltava para ser discutido na viagem: biotecnologias da reprodução. Discutimos sobre clones — produtos obtidos por ICSI —, transferências de embrião e manejos de receptoras. Além disso, ainda tivemos tempo para observar outras raças de equino, como o cavalo da raça Brasileiro de Hipismo, que é hóspede da central.
Voltamos para Viçosa com a sensação de que vários anos se passaram em uma semana apenas. Foram dias muito intensos, de aprendizado constante, de crescimento pessoal e profissional. Deixamos várias portas abertas, estreitamos as distâncias entre sonhos e realidade e oferecemos novas oportunidades aos nossos alunos”.