Grandes edifícios na orla prejudicam regulação térmica. Há ainda consequências sobre o sistema de água e esgoto
Camboriu (SC) sofre com verticalização (Foto: MorgueFile)
Karine de Almeida Paula: Geógrafa, Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Professora nos cursos de Engenharia Ambiental e Gestão Ambiental
A verticalização é um processo que tem se configurado em várias cidades brasileiras, principalmente nas grandes metrópoles, e se caracteriza como um processo urbanístico que consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios. Não obstante, várias cidades médias e pequenas também já vêm apresentando um processo de verticalização acelerado, alterando a configuração física e espacial de várias delas.
A cidade de Balneário Camboriú, localizada no litoral de Santa Catarina, tem sido marcada pela construção de altos edifícios de forma acelerada. No entanto, a verticalização excessiva às margens do litoral traz consequências ao cotidiano e à configuração da cidade. Os vários edifícios, muitos deles de altíssimo luxo, localizados na orla da cidade, acabaram por criar zonas de sombreamento na areia da praia. Os edifícios trazem consigo “ares” do mundo moderno, atraindo diversos turistas e empresários. Mas por outro lado, essa “modernização” tem gerado críticas, sendo a mais visível a zona de sombreamento que as construções projetam na praia a partir do meio da tarde.
Há de se destacar que esse não é o único problema, pois os prédios altos interferem nas correntes marítimas, essenciais na regulação térmica da cidade, e vêm causando também a saturação do sistema de água e esgoto. Para muitos ambientalistas e arquitetos, esse tipo de adensamento urbano é preocupante e traz prejuízos ao ecossistema da região. Mesmo diante dessa situação, o mercado imobiliário continua superaquecido e novos edifícios são construídos.
Esse cenário revela a importância da implementação da legislação urbanística condizente com o meio ambiente local, mas revela também a importância dada ao meio ambiente em relação ao capital imobiliário.