Pensamento estratégico é síntese, nasce na intuição, no processo criativo, como resultado de uma perspectiva integrada da empresa e que pode aparecer a qualquer momento e em qualquer nível organizacional
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Rúbia Fonseca Roberto: Administradora, Mestre em Administração. Professora dos cursos de Administração, Gestão de Empresas e Psicologia da Univiçosa. Coordenadora do MBA em Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional da Univiçosa
O contexto globalizado e de acirrada competitividade em que as empresas atuam coloca-lhes dois caminhos: acompanhar as mudanças do mercado ou procurar prever essas tendências, se antecipando a elas. Seja qual for a alternativa escolhida, um planejamento estratégico é necessário. Todavia, trata-se de um exercício complexo e diante das mudanças no ambiente e nos modelos organizacionais, os gestores têm sido desafiados a repensar o conceito e as práticas de planejamento constantemente.
O Planejamento Estratégico pode ser entendido como uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente. Em síntese, as metodologias de Planejamento Estratégico perpetuadas tratam de análise de ambiente, definição de diretrizes, determinação das estratégias, implementação e controle das mesmas.
Todavia, o modelo prescritivo e estático vem revelando sérios problemas estruturais, sendo questionada até mesmo sua validade para a formulação das estratégias empresariais, uma vez que nem sempre responde à realidade vigente. Dentre as falácias do planejamento podemos destacar a crença da possibilidade de predeterminar o que acontecerá nos ambientes organizacionais no futuro, a separação entre a formulação e a implementação da estratégia e o excessivo apego à formalização como antecedente à ação.
Aspectos como a globalização, a formação de blocos econômicos e o estabelecimento de acordo entre eles, a preocupação com a ecologia, a questão ambiental e o futuro do planeta são pontos poucos pensados dentro das premissas de planejamento das empresas. Estes aspectos, assim como as questões relativas a responsabilidade social, tornaram-se altamente influentes nas relações de economia, de mercado e de competitividade.
Para além do planejamento estratégico, é preciso colocar em prática na empresa o exercício de pensamento estratégico e tratar não só da análise de ambiente e definição de diretrizes, mas do processo de concepção de estratégias, o que não pode ser feito de forma programada e categorizada. É vital que os planejadores entendam a diferença entre planejamento e pensamento estratégico.
Planejamento é análise, trata-se de decompor um conjunto de intenções em etapas, formalizar essas medidas para que elas possam ser implementadas e articular os resultados de cada etapa.
Pensamento estratégico, por sua vez, é síntese, nasce na intuição, no processo criativo, como resultado de uma perspectiva integrada da empresa e que pode aparecer a qualquer momento e em qualquer nível organizacional. Assim, as organizações devem transformar o trabalho de planejamento convencional, agindo como catalisadores que apoiam a elaboração da estratégia, auxiliando e incentivando os gestores a pensar estrategicamente.
Assim, o Planejamento Estratégico não deve ser um documento estático, que contém as decisões antecipadas sobre as diretrizes da organização, mas uma prática em constante mutação, com a ênfase na administração das vantagens competitivas e arquitetura estratégica, ou seja, a ligação entre as estratégias corporativa e de negócio com as vantagens competitivas.