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Sandra Saraiva G. Libanio: Coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental (UniNea) e professora de graduação e pós-graduação na Univiçosa
Segundo a Fundação Dom Cabral, o Brasil cresceria 1% ao ano, chegando a 10% ao final de uma década, se destravasse os investimentos em infraestrutura. Dados do GI Hub, órgão criado pelo G20, o grupo de 20 países mais ricos do mundo, apontam que o Brasil investe apenas 56% do que é necessário para a infraestrutura nacional. Ou seja, a lacuna, que chega a 44%, ainda é enorme.
O crescimento econômico nacional se encontra mitigado, muito por conta da defasada infraestrutura logística brasileira. O Brasil perde bilhões de dólares todo ano com custos logísticos em função de problemas que vão desde a elevada burocracia até a limitada infraestrutura de estradas, ferrovias, portos e aeroportos.
O comércio internacional está repleto de oportunidades e também de desafios. Os produtos brasileiros vêm ganhando espaço no âmbito internacional, porém, as empresas ainda enfrentam muitos desafios para escoar a sua produção de forma competitiva.
A ineficência da infraestrutura logística do país, decorrente de vários problemas nos mais diversos níveis governamentais, seja no âmbito Federal, Estadual e Municipal, é um dos principais entraves para assegurarmos a competitividade dos nossos produtos no mercado internacional. A precariedade e insegurança das estradas; o descaso com as obras de ferrovias; portos e aeroportos sobrecarregados, em conjunto com uma burocracia excessiva são determinantes para uma logística lenta e para o aumento significativo dos custos que, consequentemente, é repassado ao consumidor final, neste caso o mercado externo. O investimento em infraestrutura é importante, a fim de reduzir custos, aumentando as exportações e proporcionando crescimento econômico ao país.
Muitas empresas estão procurando ofertar seus produtos e serviços de modo rápido, barato e melhor que seus concorrentes. No entanto, para que isso aconteça, exige-se uma boa infraestrutura dos modais de transporte, uma vez que eles determinam o tempo de entrega e até mesmo o valor final dos custos de cada operação.
Um dos maiores problemas nesse setor está no seu processo de distribuição, ou seja, no trajeto da indústria e dos produtores até o destinatário final. Essa etapa é muito importante e deve ser analisada com bastante cuidado, pois envolve mais do que carregar e descarregar mercadorias e produtos.
O grande desafio da área de logística é saber escolher o melhor meio a ser usado para cada tipo de serviço — aéreo, rodoviário, ferroviário ou marítimo. Cada rota possui determinadas possibilidades. Além disso, existe uma dependência de outros fatores, dentre eles a disponibilidade de infraestrutura.
Não podemos afirmar que exista um modal mais adequado para cada atividade de logística, já que é preciso observar a relação de custo-benefício e o nível de serviço esperado pelo cliente. Cada tipo de transporte possui peculiaridades e características próprias, por isso é preciso identificar aquele que melhor proporcione benefícios ao seu negócio.
O transporte aéreo é o mais rápido e mais caro, utilizado normalmente para transportar produtos perecíveis ou urgentes. Os que possuem o custo mais acessível são o marítimo e o ferroviário. No entanto, o modal rodoviário acaba sendo a opção mais viável no Brasil, visto que possui custo e prazo de entrega que atendam a maioria dos tipos e segmentos do mercado.
Os modais, de modo geral, necessitam que o governo implemente melhorias que se adequem às suas deficiências. O sistema rodoviário, que é o mais usado no Brasil, passa por problemas, principalmente fora do eixo das grandes capitais. A precariedade das estradas não oferece segurança ao transporte. As privatizações dos pedágios oneram esse tipo de transporte, aumentando o custo de fretes.
O sistema ferroviário poderia ser uma boa opção, devido à extensão de nosso território, mas ele ainda enfrenta muitas dificuldades por conta de sua precária estrutura no Brasil.
Os portos também precisam de investimentos para sua expansão e modernização. Esse setor enfrenta vários problemas legais para sua difusão, devido às necessidades ambientais e à custosa mão de obra — são exigidos benefícios totalmente incompatíveis com a realidade do mercado brasileiro.
Dessa forma, necessita-se de novos investimentos em infraestrutura logística e mudança do sistema de transporte no Brasil.
O setor da mineração está investindo cerca 5 bilhões de reais por ano no sistema ferroviário. Já o setor de tecnologia e integração promove pesquisas e desenvolvimento de sistemas informatizados que contribuem para diminuir os gastos de transportes e estoques.
Assim, para viabilizar a modernização e o crescimento, é preciso, além dos incentivos à participação da iniciativa privada, comprometimento e planejamento do governo no tocante aos devidos investimentos necessários.
Em decorrência da greve dos caminhoneiros no Brasil, também chamada de Crise do Diesel, com extensão nacional iniciada no dia 31 de maio de 2018, acelerou a busca de novas estratégias logísticas. A boa notícia é que chegou a vez do setor ferroviário ganhar espaço nos programas de infraestrutura do governo. Nos próximos cinco anos, as ferrovias devem movimentar cerca de R$ 57,1 bilhões em projetos de construção, ampliação e modernização da malha brasileira, beneficiando especialmente o transporte de minério e de grãos. Se os planos saírem do papel, em torno de 66 mil empregos, entre diretos e indiretos, poderão ser gerados pelo setor.
Dos projetos que devem absorver os R$ 57,1 bilhões, cinco integram o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. São eles: Malha Paulista (atual Rumo), MRS Logística, Estrada de Ferro de Carajás, Estrada de Ferro Vitória-Minas e Ferrovia Centro-Atlântica. Juntas, essas empresas podem desembolsar R$ 25 bilhões nos próximos cinco anos para operar 12,6 mil quilômetros.
A interligação logística entre ferrovias e portos pode levar a um aumento de investimentos além dos trilhos. Ao todo, o PPI inclui 32 projetos portuários, com previsão de R$ 5,819 bilhões de investimentos. Desses, oito estão concluídos, com o equivalente a R$ 1,32 bilhão de recursos.
Para o empreendedor, negociações realizadas com as transportadoras poderiam reduzir os custos operacionais do seu negócio, como a terceirização dos transportes, o que pode oferecer vantagens e benefícios.
Portanto, com os devidos incentivos e um plano estrutural logístico podemos dizer que haverá uma melhora significativa no desenvolvimento econômico de forma mais acentuada. Caso contrário, o Brasil possivelmente enfrentará os apagões logísticos, proporcionando mais problemas para os setores envolvidos nesse processo.
Fontes: diariodepernambuco.com.br; aedb.br; cargox.com.br