O estudo com anticoncepcional masculino foi interrompido por apresentar reações adversas semelhantes às reações sentidas pelas mulheres
Foto: MorgueFile
Renata Diniz: Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora do curso de Farmácia da Univiçosa
Um estudo financiado pela Organização Mundial de Saúde e iniciado há 8 anos sobre a utilização de um anticoncepcional masculino injetável foi interrompido por apresentar efeitos colaterais “graves”, apesar de apresentar eficácia de 96%. O estudo, publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, foi realizado com 320 homens, com idade entre 18 a 45 anos, que receberam aplicações injetáveis bimestrais de hormônios capazes de suprimir a produção de espermatozoides.
Nas primeiras 26 semanas do estudo, os voluntários foram aconselhados a usar métodos contraceptivos alternativos, até que o número de espermatozoides reduzisse para 1 milhão por mililitro de sêmen - esse número indica infertilidade. A maioria dos homens voltou a ser fértil após 26 semanas da interrupção do tratamento.
Os participantes da pesquisa relataram reações adversas como mudanças bruscas na libido, dor no local de aplicação, alterações de humor, acne, dores nos testículos, suor noturno e tendência à depressão. Mulheres que utilizam anticoncepcionais convivem com efeitos colaterais desses medicamentos e apresentam maior tendência a fazerem uso de antidepressivos. Além disso, existe o risco de mulheres usuárias de pílulas anticoncepcionais desenvolverem acidente vascular cerebral, trombose e infarto do miocárdio.
Apenas 20 homens desistiram do estudo por causa dos efeitos colaterais, enquanto que 75% afirmaram que fariam o uso do anticoncepcional se estivesse disponível comercialmente.