Estabeleça filtros para que seja possível encontrar um pouco de paz neste período de crise
O coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias. Segundo dados do Ministério da Saúde, o novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Os coronavírus são a segunda principal causa da gripe e até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum. Então, por que tanta preocupação com a doença? A resposta é que o nosso cérebro tem seus próprios meios de avaliar o perigo.
É natural ter medo dessa pandemia que vem se alastrando rapidamente em vários lugares do mundo, porém o pânico exacerbado que o vírus induz deve ser avaliado com cautela. Isso demonstra o viés inconsciente na forma como lidamos com as ameaças.
O mundo está cheio de perigos, grandes e pequenos. Teoricamente isso nos ajuda a avaliar o que é motivo de preocupação e o que deve ser ignorado. O coronavírus é um exemplo claro disso, porém há uma intensificação na percepção do risco provocado por alguns gatilhos mentais aos quais estamos em contato o tempo todo.
Quando você se depara com uma situação nova, o cérebro realiza uma busca rápida de experiências semelhantes no passado. Se ele conseguir reunir várias lembranças semelhantes do caso, irá concluir que o risco é grande e deve ser evitado.
Um exemplo disso é um acidente de carro. Se há uma ameaça seguida de acidentes, o cérebro irá perceber como perigoso pegar a estrada, mas se repetidas vezes você dirige e nada lhe acontece, ele interpretará com segurança essa mesma situação.
Com relação ao coronavírus, é como se as pessoas recebessem uma notícia atrás da outra sobre os danos provocados por essa doença, o que agrava a percepção de que se trata de algo extremamente perigoso. Além disso, por se tratar da descoberta de um novi vírus, não há dados anteriores para que o cérebro possa comparar e avaliar como segura essa informação.
Da mesma forma, estamos condicionados a buscar novas ameaças, o que nos torna mais propensos a qualquer situação de alarme. A ameaça no coronavírus é noticiada quando se ressalta os casos de fatalidade muito mais do que o das pessoas que se recuperam do contágio.
As ameaças que sentimos ficam fora de controle quando julgamos que o surto desenfreado de uma doença deve provocar uma resposta à altura, levando as pessoas a buscarem formas de retomar o controle – como estocar máscaras de proteção por exemplo.
O medo que assumimos com frequência é maior do que os riscos apresentados na realidade exterior. Não é à toa que avaliamos como muito mais perigoso um ataque terrorista do que as ameaças cotidianas sofridas por nós. É o mesmo caso de uma epidemia pouco conhecida, e que se alastra rapidamente, em comparação a uma gripe comum.
E é exatamente na emoção que se estabelece a avaliação do perigo, o que nos leva a concluir que não são as estatísticas que provocam o medo do coronavírus, mas a própria percepção do risco que essa doença traz.