Grande parte dos desacertos em nosso trabalho ocorre em virtude de falhas em nossa comunicação interpessoal
Gamali Gomide: Mestre em Letras. Professora de “Língua Portuguesa” e “Interpretação de Textos” da Univiçosa
Com certeza, negociar é uma das habilidades mais importantes para o sucesso na vida profissional e, para que você desenvolva essa habilidade, é necessária uma boa comunicação, pois, grande parte dos desacertos em nosso trabalho ocorre em virtude de falhas em nossa comunicação interpessoal; portanto, é importante desenvolver bem essa competência para obtermos os resultados que tanto almejamos numa negociação.
Em que consiste a negociação? É o processo em que se busca um acordo e todo acordo é consequência de decisões entre as partes. Busca-se alcançar determinados objetivos em situações de divergências de ideias, interesses e posições, e a comunicação clara, objetiva e cortês é meio caminho andado para conseguirmos atingir nossa meta; devemos, portanto, nos esforçarmos para aperfeiçoar sempre a nossa linguagem verbal e corporal, pois, dependendo do que falamos, podemos atingir nosso objetivo ou por tudo a perder.
O cuidado com a linguagem vai além dos acertos gramaticais, que devem ser observados, mas sem “neuras”. São muitas as recomendações; entre elas, listamos alguns hábitos que atrapalham uma boa conversação: falar baixo demais, alto demais, muito rápido ou muito devagar; segurar a pessoa pelo braço; cutucar, bater no ombro; ser indiscreto ou exibicionista; ser franco demais; interromper a fala do outro; falar palavrões, usar muitas gírias, etc. No entanto, lembre-se sempre: na linguagem falada, a espontaneidade e a sinceridade são fatores determinantes. Os olhos falam; se mentir, o outro percebe e perde-se credibilidade e o acordo não ocorre.
Outro aspecto a destacar é que todos nós temos o nosso padrão linguístico determinado pelo meio onde fomos educados; portanto, algumas expressões, o modo de falar, o tom de voz, entre outros, permanecem, mesmo quando mudamos para outro ambiente; porém, todos nós temos uma noção do que é correto e cortês; devemos, portanto, buscar sempre o conhecimento e aperfeiçoar a nossa linguagem, sem preocupações excessivas, pois cada um tem seu estilo, seu temperamento, seu modo de ser. Seja, pois, sincero, espontâneo e habitue-se a usar palavras edificantes, positivas, e a evitar vulgarismos e palavras de baixo calão que denotam desleixo, ineficiência, falta de cultura e, às vezes, pouca credibilidade. Se você ficar preocupado demais com a correção da linguagem, pode se atrapalhar e prejudicar o diálogo. Lembre-se de que a linguagem falada é diferente da linguagem escrita; portanto, relaxe e fale com naturalidade, evitando apenas os excessos: a cortesia e suas boas intenções falarão mais alto e você atingirá sua meta.
Um aspecto importantíssimo numa negociação é que devemos controlar a ansiedade e aguçar nossos sentidos para ouvir e perceber bem as intenções do nosso interlocutor. Ouça; ouça; ouça; três vezes mais do que fale; assim, você conhecerá os anseios e objetivos do outro e pode apresentar os esclarecimentos que vão determinar o acordo. Para ter certeza de que foi compreendido, pergunte ao outro se entendeu, se ficou claro, se ainda há dúvidas.
Outro fator que pode melhorar muito a eficiência da comunicação é o planejamento. Mesmo sendo uma conversa, em que predomina a linguagem falada, escreva um pequeno roteiro; anote nele os tópicos mais importantes; isto evita divagações, perda de foco, ou esquecimento de um item relevante. Procure prever as possíveis perguntas e dúvidas do seu interlocutor, principalmente aquelas mais capciosas. Elabore mentalmente as respostas; se possível, escreva-as. Em negociações difíceis, “fazer o dever de casa” traz segurança e você vai confiante para o encontro. Este planejamento deve ser usado sempre que você for participar de uma reunião mais complexa e até preparar-se para uma entrevista de emprego.
Resumindo: numa negociação, seja sincero, cortês, ponderado e cuidadoso com as palavras; ouça com atenção o seu interlocutor e prepare-se, com antecedência, escrevendo os seus argumentos mais convincentes. Planejamento é tudo.