Perigos e riscos dos anabolizantes

Perigos e riscos dos anabolizantes
Publicado em 17 de abril de 2013

Foto: PhotoXpress

Farmacêutico Ricardo Zatti, Gestor do Curso de Farmácia da Univiçosa/Esuv


Os anabolizantes são drogas sintéticas derivadas da testosterona que aumentam a massa muscular. Entretanto, expõem a saúde a graves efeitos colaterais, incluindo morte súbita e câncer de próstata. O uso indiscriminado destes fármacos tem sido estudado por pesquisadores e revela os graves efeitos nocivos da utilização irresponsável.

O mecanismo de ação dessas drogas é imitar os efeitos do hormônio sexual masculino testosterona. Sua estrutura química é similar à dos esteróides (hormônios responsáveis pela harmonia das funções orgânicas). Os anabolizantes foram originalmente desenvolvidos para tratar casos de hipogonadismo, doença que faz o homem produzir testosterona em baixa quantidade, e seu uso terapêutico é muito restrito e requer uma criteriosa avaliação por um endocrinologista.

Os efeitos atrativos dos anabolizantes, como ganho de resistência física, crescimento da massa muscular e óssea, especialmente no público masculino, têm provocando um aumento no consumo destes fármacos, com finalidades estéticas. Para potencializar seus efeitos, atletas e adeptos de musculação consomem doses excessivas dessas substâncias. Essas doses chegam a ser até 100 vezes maiores que as doses para tratamento de hipogonadismo. As altas doses, administradas por via oral ou injetável, agravam os efeitos nocivos dos esteróides no organismo.

A ingestão oral destes anabolizantes aumenta os efeitos tóxicos para o fígado. Para a via injetável, os riscos são ainda maiores, pois os usuários costumam compartilhar as seringas e agulhas, o que aumenta a possibilidade de contaminação pelo HIV e por bactérias que podem causar infecções. As aplicações geralmente são realizadas por pessoas despreparadas e sem as condições de higiene e assepsia necessárias.

Em homens, o uso contínuo de anabolizantes pode provocar ginecomastia (aumento das mamas), crescimento de vesículas seminais e da próstata, engrossamento das cordas vocais, aumento de pelos e da oleosidade da pele, azospermia (ausência de espermatozóides), atrofia testicular e problemas em tendões e ligamentos. Os efeitos nocivos destas substâncias também são verificados em mulheres, causando o crescimento de pelos na face, amenorréia, distúrbios menstruais e ovulatórios e, durante a gravidez, provocam má formação do feto.

O uso prolongando dos anabolizantes causa, ainda, aumento da massa muscular cardíaca. Esse aumento gera uma diminuição da ejeção sanguínea pelo coração, o que, em sequência, provoca aumento da frequência cardíaca e arritmias. No fígado, causa alterações nas enzimas hepáticas, o que altera o perfil lipídico, aumentando as concentrações plasmáticas de colesterol. Os anabolizantes também são responsáveis por efeitos no sistema nervosos central, resultando em alterações comportamentais do tipo agressividade e intolerância.

Alguns efeitos destes fármacos são reversíveis e outros permanentes. Os danos cardíacos podem ser irreversíveis e as alterações no perfil lipídico podem retornar aos índices normais após a interrupção do medicamento. Em casos de ginecomastia, a reversão se torna mais difícil, sendo necessárias cirurgias reparadoras. É importante ressaltar que os anabolizantes podem agir no organismo por vários meses após a interrupção do seu uso.

Atualmente, a forma mais comum de compra destes medicamentos é pela internet. A venda é realizada através de depósito bancário e o comprador nem sequer conhece a origem do produto que, muitas vezes, pode ser falsificado. Pela internet são prestados aconselhamentos incorretos e informações inverídicas sobre a associação de outros fármacos e de suplementos vitamínicos para potencializar os efeitos dos anabolizantes. Nas academias encontram-se facilmente revendedores destas substâncias ou usuários que indicam os anabolizantes. É comum também casas agropecuárias revenderem anabolizantes veterinários. A facilidade de adquirir estes esteróides torna mais preocupantes os efeitos nocivos do descontrole no consumo.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/f1234072-de25-4d28-8cbf-813588a41ded