Prof. Ricardo Zatti, Gestor do Curso de Farmácia da Univiçosa
O desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos, mais eficazes e seguros, contribui para o controle de doenças e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Pesquisas clínicas com fármacos são realizadas em diversas instituições de saúde, públicas e privadas, em todo o mundo. No Brasil, o número deste tipo de pesquisa vem crescendo significativamente nos últimos anos, especialmente em laboratórios vinculados a universidades. Instituições de ensino como a USP, UFMG, UFOP, UFV e Univiçosa – através do Farmapet, têm atuado expressivamente em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de novos fármacos.
A pesquisa clínica no âmbito dos serviços de saúde requer a constituição de equipes interdisciplinares para assegurar a realização mais eficaz dos ensaios e garantir a proteção dos seres humanos envolvidos na pesquisa, empregando métodos éticos. Neste contexto, o farmacêutico exerce função essencial em diversas etapas e processos do desenvolvimento de novos medicamentos e nos ensaios clínicos.
O processo de desenvolvimento de um novo fármaco inicia-se com a etapa química de seu planejamento. Após a síntese e a determinação de suas características físico-químicas, são realizados ensaios farmacológicos e toxicológicos para se avaliar a segurança e eficácia da utilização da substância em humanos. Neste processo, o farmacêutico atua no desenvolvimento farmacotécnico – planejamento de possíveis formas farmacêuticas – e na determinação de sua estabilidade; no estabelecimento de propriedades farmacodinâmicas, farmacocinéticas e avaliação dos efeitos teratogênicos, mutagênicos e carcinogênicos do possível medicamento. Apresentando resultados satisfatórios, o novo fármaco passa à etapa subsequente – os ensaios clínicos.
O ensaio clínico, sob a visão da epidemiologia, é um estudo experimental e prospectivo. Caracteriza-se por uma investigação em seres humanos voluntários, objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacológicos, clínicos e até mesmo reações adversas aos produtos em teste. Neste estudo, o investigador (na maioria das vezes farmacêuticos, por deterem os conhecimentos de farmacologia clínica) controla o agente terapêutico ou profilático que é recebido por cada participante do estudo. Os indivíduos são alocados, aleatoriamente, em dois grupos designados experimental e controle. Ao grupo experimental é oferecido o fármaco sob teste e ao controle um fármaco de referência ou placebo. Os agentes empregados em ensaios clínicos podem ser medicamentos, vacinas, dietas, curativos e outros procedimentos.
O farmacêutico deve ainda, desenvolver e programar procedimentos que assegurem o controle dos medicamentos utilizados em pesquisa clinica. Os procedimentos de controle devem ser desenvolvidos em hospitais e em outros níveis do sistema de saúde observando as necessidades e o grau de organização.
Com o aumento do número de pesquisas clínicas no país, especialmente atendendo a uma demanda das indústrias farmacêuticas nacionais, o mercado está necessitando de profissionais especializados em áreas como farmacologia clínica, farmacotécnica e química farmacêutica. É uma boa oportunidade para os recém formados se especializarem e ingressarem neste mercado de trabalho, que apresenta remunerações bem atraentes.