Renata Gomide, Psicóloga*
Como deve agir o profissional de saúde diante do grave cenário de epidemia das drogas. O tema será abordado em palestra para alunos do Curso de Psicologia da Univiçosa/Esuv sob a ótica da Reforma Psiquiátrica.
A partir da década de 1980 teve início no Brasil o movimento “Reforma Psiquiátrica”, com o objetivo de questionar o modelo de tratamento das doenças mentais a partir das internações em manicômios. Não foram poucas as denúncias sobre as condições de vida no interior dos manicômios: violência, maus-tratos, abandono. Sabe-se que muitas pessoas ali internadas nunca mais retornavam aos seus lares. Os manicômios funcionaram durante séculos como verdadeiros depósitos de pessoas, onde não existia preocupação com os atendimentos no sentido de realização de diagnósticos e terapêuticas apropriadas. Era um negócio bastante lucrativo, uma vez que os hospitais psiquiátricos recebiam “por cabeça”, ou seja, quanto maior o número de pacientes e maior o tempo de sua permanência no local, maiores eram os lucros.
A Reforma Psiquiátrica questiona a eficácia da internação, propondo o fim dos manicômios e a criação de dispositivos extra-hospitalares. Isso significa que os pacientes e familiares não ficarão desassistidos, e que o investimento deve ser de outra ordem: a partir da perspectiva da inclusão social.
Atualmente, a Reforma Psiquiátrica é uma política pública de saúde, cujos serviços são mantidos com recursos federais, estaduais e municipais, envolvendo equipes multidisciplinares.
Após 30 anos do início da Reforma Psiquiátrica no Brasil, os trabalhadores da área de saúde mental concordam que o tratamento do paciente no convívio com a sociedade é mais proveitoso em relação ao paciente internado.
Todavia, não apenas os “loucos” eram enviados para os hospitais psiquiátricos, mas pessoas que nossa sociedade não queria enxergar: mendigos, deficientes físicos e dependentes químicos. A partir do momento em que nossa sociedade não aceita mais internar essas pessoas, passamos a vê-las; elas estão nas ruas, nas calçadas, nos bairros, nas cracolândias. Ouvimos falar, então, de uma epidemia das drogas e, principalmente, do crack.
O atual desafio da Reforma Psiquiátrica é como deve agir o profissional da área de saúde diante deste cenário?
Este desafio será tema de uma palestra da psicóloga Marina Castro de Oliveira, no próximo dia 16/5, às 11h, no campus Univiçosa [sala 216].
* Mestre em Psicologia. Professora da Univiçosa/Esuv [História da Psicologia, Processos Psicológicos Básicos, Psicologia Social, Psicossomática, Psicanálise]