Carla Alcon Tranin: Enfermeira, Especialista em Saúde Pública. Professora do Curso de Enfermagem da Univiçosa.
A endometriose é a presença do endométrio, o tecido que reveste o útero internamente, fora da cavidade uterina. Conhecida como “a doença da mulher moderna”, pois seu aparecimento é influenciado pelo padrão de vida feminino atual: a mulher tem menos filhos, engravida mais tarde e, principalmente, é submetida constantemente a um maior nível de estresse.
Ainda não se sabe exatamente porque a endometriose é desenvolvida. Acredita-se que haja um aspecto ligado a questões genéticas, que aumentam a predisposição em algumas mulheres, e outros ligados a um distúrbio da defesa do organismo, que não consegue conter o aparecimento do problema. O que sabemos é: quem alimenta a doença é o hormônio estrógeno, produzido no ovário das mulheres que menstruam e, em menor escala, no tecido gorduroso.
Os principais sintomas: cólica menstrual em graus variados; dificuldade para engravidar, presente em 30% das mulheres; alterações intestinais durante o período menstrual, como intestino solto ou muito preso, e dor para evacuar; desconforto durante a relação sexual no fundo da vagina; inchaço abdominal; dor para urinar ou sangramento na urina na época da menstruação; dores contínuas na barriga independente do período menstrual; ansiedade ou depressão relacionada à intensidade dos sintomas.
Estima-se que, atualmente, ela atinge 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, durante o período em que têm os ciclos menstruais, podendo apresentar o problema nos estágios I e II (mínima e leve), nos quais são visualizados poucos focos da doença, e III e IV (moderada e severa), em que há a presença de vários focos de endometriose. Como não existe uma causa específica para o surgimento da endometriose, o aconselhado é que a mulher procure seu ginecologista diante do aparecimento de qualquer sintoma que possa sugerir a doença, além de manter sua rotina de exames anuais.
Em caso de suspeita por parte do médico, ele pode realizar um diagnóstico por meio do exame de toque vaginal, no qual o ginecologista é capaz de sentir qualquer nódulo ou cisto, sugestivo de endometriose. Além disso, o exame de sangue na época da menstruação aponta dosagem de um marcador chamado CA 125, que apesar de não ser específico somente para esta doença pode fornecer dados a respeito da agressividade e atividade da endometriose. Exames de imagem, como ultrassom, preferencialmente por via transvaginal, considerado o melhor para diagnóstico pré-operatório, e ressonância magnética também auxiliam na percepção da doença.
Além disso, é importante a mulher cuidar muito bem da sua saúde, dando atenção à alimentação e ao sono e, principalmente, praticando exercícios físicos que podem auxiliar na saúde de forma geral e no controle da dor. Com isso a concentração de endorfina aumenta dando sensação de bem-estar à mulher e diminuindo a produção do estrógeno.