Lidiane Faria Santos: Química, Mestre em Engenharia Química, Doutora em Agroquímica. Professora dos cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia Química da Univiçosa
Há alguns anos surgiu no mercado brasileiro à primeira marca nacional de papel sulfite (A4) fabricado a partir de bagaço de cana-de-açúcar. Na verdade, a produção de papel com este tipo de matéria prima já existe há mais de 60 anos, a grande novidade foi o desenvolvimento de folhas sulfite com material alternativo ao eucalipto.
O processo de fabricação é praticamente o mesmo da produção convencional, o que muda é a extração da celulose, que vem do bagaço da cana-de-açúcar. O papel produzido tem a mesma qualidade do papel comum com a vantagem de não necessitar de adição de produtos químicos e o consumo de tanta água quanto os reciclados pardos.
A matéria prima utilizada é subproduto da produção de etanol e açúcar nas usinas. No Brasil, apenas um terço do bagaço de cana-de-açúcar é reutilizado e, geralmente, é usado para produção de ração animal ou energia, por meio da incineração.
Esse novo papel ajuda a reduzir a poluição ambiental e traz muitos benefícios econômicos, pois estima-se que o custo de produção utilizando eucalipto seja até 20% maior. Por ser ecologicamente correto, o produto vem conquistando a preferência de empresas comprometidas com a sustentabilidade.
Inovação e sustentabilidade são os pilares do desenvolvimento da técnica de produção de papel sulfite utilizando o bagaço de cana-de-açúcar. Assim, a produção industrial de papel com fibras alternativas ainda precisa de adequações para atender às exigências do mercado.