Fábio Luiz Rigueira Simão: Licenciado e Mestre em História. Professor dos cursos de Administração, Gestão Ambiental, Ciências Contábeis e Direito da UNIVIÇOSA
Um estudo realizado em 184 países mostra que a evolução do segmento de turismo no Brasil terá crescimento significativo em 2014. Essa realidade está, é claro, diretamente relacionada com a Copa do Mundo, quando, segundo estimativas do Ministério do Turismo, cerca de 600 mil visitantes estrangeiros passarão pelos aeroportos, portos, rodoviárias, hotéis, bares, restaurantes e, é claro, estádios brasileiros.
Desde o início deste ano, porém, e durante todo o ano de 2013, temos ouvido críticas aos gastos de montantes enormes dos cofres públicos para a preparação do país para o Mundial. Naturalmente, não podemos negligenciar as críticas direcionadas ao governo federal com relação à copa do mundo. Muito do que foi feito, como sabemos, cumpriu-se com algumas irregularidades e o dinheiro gasto muitas vezes de forma inadequada, desequilibrada e até corrupta, poderia ter sido alocado em setores estruturalmente carentes, como saúde e educação. O fato, porém, de sediarmos uma Copa do Mundo traz alavancas positivas (e inegáveis) para a economia.
Conforme dados do governo brasileiro, a partir de um estudo do Ministério do Turismo a Copa das Confederações movimentou R$ 20,7 bilhões nas seis cidades-sede e gerou o equivalente a 303 mil empregos em todo o país. Para a Copa do Mundo de 2014, o governo aposta em 48 mil postos de trabalho no setor de turismo. A estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é nada menos que 60% superior à geração de postos de trabalho nos 12 estados da federação que sediarão o Mundial no mesmo período de 2013. Algo realmente faraônico. Na área de turismo diretamente, o Brasil, que ocupa hoje a 6 posição em matéria de geração de riquezas no setor (US$ 76,1 bilhões de dólares anuais) pretende chegar à 3 posição até 2022. O Plano Nacional do Turismo (2013-2016) fundamenta-se na Copa do Mundo e nas Olimpíadas para alavancar a receita do setor.
Diversos estados se organizam para aproveitar a oportunidade do evento em campos de desenvolvimento e projetos econômicos que vão além do período do evento. Vejamos apenas o exemplo de Minas Gerais. A iniciativa foi da prefeitura de Belo Horizonte e a ideia é tão simples quanto eficaz. A capital mineira sediou um encontro no auditório do Ministério do Esporte para aproximar organizadores do Mundial e diplomatas dos diversos países participantes a fim de promover discussões e propor acordos de natureza tanto econômica quanto culturais. Foi apresentado um plano da cidade para o Mundial e isso atraiu os olhares daqueles que podem criar intercâmbios econômicos e culturais de grande valia para a cidade e para o Estado como um todo. Na ocasião, o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luís Manuel Rebelo Fernandes, afirmou que “a intenção do Brasil é proporcionar uma experiência que encante a todos. E nesta reunião de trabalho, temos a oportunidade de apresentar todas as dimensões do Mundial para que as medidas sejam tomadas com antecedência e para anteciparmos inciativas e divulgação de informações”. O secretário de turismo e esporte de Minas Gerais, Tiago Lacerda, destacou os pontos de desenvolvimento econômico em potencial que o intercâmbio pode gerar: “Sobre o fechamento de negócios temos esse projeto ‘Gol Belo’ que, na Copa das Confederações, gerou US$ 14 milhões em negócios. Na Copa do Mundo esse número tende a ser bem maior”.
Multinacionais como a Google trazem também esforços que permitem conhecer melhor as cidades-sede e, naturalmente, ajudam na sua projeção internacional. O Google Transit irá facilitar os deslocamentos dos usuários, como afirmou Alessandro Germano, diretor de novos negócios do Google Brasil, em nota divulgada à imprensa brasileira.
É óbvio que, em um país com tantas desigualdades sociais e carências estruturais em setores básicos da economia, um empreendimento da envergadura de uma Copa do Mundo, com os investimentos que implica, gere polêmicas políticas. Deputados, senadores, líderes estaduais e municipais posicionaram-se mais de uma vez tanto contra quanto a favor dos gastos públicos. Se os ponderássemos de forma positiva poderíamos supor que, em um mundo globalizado, em que a imagem que passamos uns aos outros realmente importa; em que fazer comércio e parcerias internacionais definem muitas vezes o futuro econômico e o posicionamento geopolítico das nações; em que investidores acreditam mais no potencial e no futuro do que em derrotismos imediatistas, um evento como uma Copa do Mundo cria canais precisos de crescimento econômico e projeção internacional.
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