Arthur Batista Ferreira, Engenheiro Químico, Mestre em Agroquímica: Professor do Curso de Engenharia Química da Univiçosa.
À medida que o consumo de combustíveis fósseis aumenta e suas reservas tornam-se cada vez mais escassas a busca por fontes alternativas de energia como os biocombustíveis renováveis demonstra ser a solução para uma futura crise energética. Concomitantemente, outra questão, como a necessidade da redução na emissão de gases poluentes também pode ser solucionada através da substituição dos tradicionais derivados do petróleo pelos biocombustíveis.
Dentre os biocombustíveis atualmente explorados, o biodiesel vem se destacando como um combustível alternativo ao diesel fóssil por ser renovável, biodegradável e não tóxico, e pode ser usado em misturas com próprio diesel fóssil. Além disso, o biodiesel não emite compostos de enxofre e material particulado, lubrifica melhor e reduz a manutenção do motor, emite menos CO e possui maior ponto de fulgor que o diesel tradicional. Geralmente, o biodiesel é constituído por ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos e é produzido a partir da transesterificação alcalina em fase homogênea de triglicerídeos presentes em óleos vegetais; entretanto, ele pode ser também obtido via esterificação de ácidos graxos livres, os quais estão presentes em gorduras animais e resíduos da indústria de óleos, porém usando catalisadores ácidos.
O Brasil é um país promissor para a produção de biodiesel devido às suas condições climáticas favoráveis para o cultivo das mais variadas espécies vegetais que podem ser usadas para a produção de biodiesel. Dentre as espécies mais cultivadas no país estão o girassol, o amendoim, a mamona, a soja e o milho, por exemplo.
Atualmente, a maior parte do biodiesel produzido pelo no país vem da soja. Apesar de a soja possuir um dos menores teores de óleo por peso, ela apresenta outras vantagens para o seu cultivo, como o rápido retorno de investimento. Além disso, ela pode ser armazenada por longos períodos de tempo, tem crescimento relativamente rápido e poucas restrições climáticas.
Apesar de possuir uma constituição bastante semelhante à do óleo diesel de petróleo, o biodiesel não pode ser inserido diretamente no motor movido a óleo diesel em virtude de sua elevada densidade e viscosidade. Por isso, são utilizadas misturas de biodiesel e óleo diesel, chamadas misturas BX, onde X indica o percentual de biodiesel na mistura.
A mistura de biodiesel ao diesel fóssil no Brasil teve início em dezembro de 2004, em caráter autorizativo. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente obrigatória de 2% (B2), em todo o território nacional. Com o perceptível amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi ampliado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) sucessivamente até atingir 5% (B5) em janeiro de 2010, antecipando em três anos a meta estabelecida pela Lei n 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Existem metas para aumentar este percentual gradativamente até 20%. Todos estes incentivos servem para fortalecer a indústria nacional, diminuir a dependência ao diesel de petróleo, e diminuir os impactos ambientais.