A convite de Vereadora Cristina Fontes, o Coral de Libras da Univiçosa se apresentou nesta terá-feira (6) na Câmara Municipal de Viçosa. A Língua de Sinais é disciplina optativa ministrada pelo Professor Carlos Henrique Oliveira Silva nos cursos da Univiçosa e o Coral reúne alunos, professores e funcionários da Instituição.
A apresentação, considerada um sucesso pela organização do evento e pelo público, começou às 19h e durou 20 minutos, com 3 músicas. “A intenção foi despertar reflexões sociais sobre o Natal”, explica Carlos Henrique. Em seguida,foi discutida a possibilidade de projetos futuros na Câmara em parceria coma Univiçosa evidenciando a comunicação dos portadores de limitações auditivas e de fala. “É uma forma de dizer para Viçosa: existem surdos, sim, e ele precisam se comunicar”, conclui.
Sensibilizado, o Presidente da Câmara, João Batista Teixeira, solicitou que os demais vereadores assinassem um documento prometendo aumentar a fiscalização do cumprimento da Lei 2017/10, que trata do tema, assumindo o compromisso de ampliar a atenção do Poder Público aos surdos de Viçosa.
Foi a primeira apresentação de um Coral de Libras na Câmara Municipal. “Após a apresentação, esclarecemos dúvidas dos vereadores sobre a Língua de Sinais, e falamos do trabalho desenvolvido na Univiçosa, abrindo a possibilidade de cooperação em ações futuras da Câmara em defesa dos direitos de quem apresenta insuficiências auditivas e de fala”, afirma o Professor Rogério Pinto, que coordenou o Grupo de Univiçosa junto com o Professor Carlos Henrique.
Câmara divulga apresentação
Em notícia publica em seu site, a Câmara de Vereadores noticiou a apresentação.
Leia a íntegra:
“Com música de fundo e maestro, o Projeto Coral de Libras da Univiçosa se apresentou na reunião ordinária dessa terça-feira, 6,como convidado da Câmara Municipal.
Libras é a linguagem gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais, para a comunicação de surdos, utilizando o sistema visual-motor. O coral conta com a participação de apenas um membro com deficiência auditiva, mas o projeto serve para que atenção seja dada a causa de acessibilidade, principalmente.
Logo após a apresentação, Rogério Pinto, participante do projeto, falou um pouco sobre a iniciativa. Em sua fala, valorizou a importância da inserção de pessoas com deficiência na sociedade e a multiplicação de projetos que isso estimulem. Fez menção também a uma parceria que gostaria que acontecesse, envolvendo a Secretaria Municipal de Educação, voltado para a inclusão de portadores de necessidades especiais nas escolas e no convívio cotidiano com o restante da sociedade. "Os profissionais de sala de aula tem capacidade de trabalhar com deficientes? Estão preparados?
Infelizmente vemos poucos surdos em instituições de ensino no Brasil, eles precisam de um interprete e devido a isso, estão sendo excluídos da classe universitária por exemplo", indagou o convidado.
Por meio do professor Carlos Henrique Oliveira Silva, professor de libras, Arlindo, deficiente auditivo, pode se expressar à Casa.Contou que há em Viçosa uma comunidade de surdos que são amigos e se reúnem constantemente. Mencionou também a dificuldade nos transportes coletivos, onde não há acessibilidade. "O espaço aumenta mais e mais, que isso possa mudar!", disse. A falta de espaço foi outro ponto abordado por Arlindo, contando que os surdos se sentem mal e triste quanto a toda essa situação. Ele acredita também que as crianças devem ser incentivadas e ter uma disciplina nas escolas voltada para o sistema bilíngue de ensino. "A população surda está se distendendo e se distanciando por falta de políticas e assistência", finalizou.
Os vereadores agradeceram a participação e parabenizaram. O Presidente da Casa, Vereador João Batista Teixeira (PR) disse que a Casa irá estudar e corrigir as falhas que competem a Câmara Municipal.
O vereador Marcos Nunes (PT) se disse emocionado e feliz por que todas as licenciaturas da Universidade Federal têm como disciplina obrigatória a língua de sinais. Disse também que a Câmara deveria contratar um intérprete de libras. Sobre as escolas bilíngües, Marcos disse que o governo vêm procurando instalá-las, mas a sociedade não tem aceitado bem. "O direito de acesso a escola é um direito humano... libras é uma linguagem natural, normal do surdo, ele tem o direito de aprende-la.", proferiu.
A vereadora Cristina Fontes (PMDB), que teve a iniciativa de convidar o coral, disse que existe a lei municipal 2.017/2010 que reconhece o Sistema de Libras oficialmente como um meio de comunicação. Cristina citou o Art. 2, onde determina que a rede de ensino municipal deve garantir acesso à educação bilíngüe ( libras e Língua Portuguesa) no processo de ensino-aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis mais elevados do Sistema Educacional do Município de Viçosa, a todos os alunos portadores de deficiência auditiva. O Art. 3 fixa que a Secretaria Municipal de Educação deverá manter em seus quadros funcionais, equipes com profissionais surdos e com intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, para o desenvolvimento do processo de ensino. "A lei está pronta, foi aprovada em 2010. Precisamos agora cobrar para que aconteça o que ela determina", finalizou a vereadora, autora do projeto de lei.”