Psicologia Escolar e Educação Integral diálogos

Psicologia Escolar e Educação Integral diálogos
Publicado em 23 de abril de 2015

Professor Sérgio Domingues

Sérgio Domingues: Psicólogo, Doutorando em Psicologia. Professor e Coordenador do Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAP), da Univiçosa

As relações entre o campo da educação e a psicologia são tão antigas quanto a própria psicologia, enquanto ciência, mesmo antes de tornar-se uma profissão, o que, no Brasil, ocorreu em 1962. Essas relações mantêm-se vívidas no Século 21, abrindo a possibilidade de diálogos com os vários níveis educação regulamentados no país. César Coll, eminente estudioso dos diálogos entre Psicologia e Educação, em seus escritos, tem considerado a Psicologia da Educação como uma disciplina ponte entre os dois campos. Também podemos ver essa relação como campo frutífero de estudos e pesquisas, onde está inserida a Psicologia Escolar e a Psicopedagógia, campos de trabalho de profissionais graduados em Psicologia, segundo lei federal 4.119 de 27 de agosto de 1962.

Nesse cenário vimos surgir às políticas sobre Educação Integral e ganhar força o programa indutor “Mais Educação” do Ministério da Educação (MEC).

Analisar o processo educativo para além das disciplinas clássicas como português e matemática faz coro com a percepção da Psicologia Escolar que vai enfatizar os múltiplos aspectos relacionados a formação integral do ser humano, passando pelos campos: social, afetivo, cognitivo e motor, como preconizado por Henri Wallon, eminente estudioso da Psicologia infantil e do desenvolvimento da criança do nascimento a gênese da pessoa.

Como professor convidado do curso “Proposta Curricular e Metodologias na Educação Integral” oferecido pela Universidade Federal de Viçosa, através de financiamento do citado programa “Mais Educação”, entre 2013 e 2015, pude perceber o quanto a ciência psicológica pode e deve contribuir para os debates sobre a Educação Integral, essencialmente sobre a formação integral das pessoas. Esse espaço de debate pode configurar-se importante passo para a entrada definitiva do profissional de psicologia na instituição escolar, enfatizando que o papel deste profissional não é o do clínico, nem o do psicometrista, mas o do cientista que consegue perceber a infância na sua integralidade e o sujeito em sua subjetividade, socialmente construída.

Mais que uma análise da criança como entidade utópica, cabe ao Psicólogo Escolar a oportunidade de conhecer a criança real em seus determinantes sociais, afetivos, biológicos e cognitivos. Mesmo a identidade desse profissional, mais que pronta, apresenta-se como imersa em possibilidades de fazeres.

Oficinas de Educação em Direitos Humanos, de Formação para a Cidadania, atividades voltadas para o desenvolvimento da criatividade, programas de estimulação cognitiva, programas voltados para o treino de habilidades sociais e para a resolução de problemas, podem se configurar em importante arsenal de trabalho para o Psicólogo Escolar, desde que atrelados a capacidade desse profissional de entender o sujeito em sua singularidade.

Eis um caminho que se abre para nosso exercício profissional e para nossa colaboração na formação de uma sociedade mais democrática e equilibrada nas oportunidades oferecidas aos seus cidadãos.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/a9c4a029-f8ed-4913-a4c9-4adb69fecaa9