Contribuições da literatura infantil na formação da personalidade

Contribuições da literatura infantil na formação da personalidade
Publicado em 12 de agosto de 2010

Leitura deve ser estimulada

* Ângela Figueira (1), Roberta Finamore, Dayana Vilela Coelho e Natalia Ferreira (2)
 
Os contos de fadas, sempre presentes no desenvolvimento infantil, podem ser vistos como pequenas obras de arte, capazes que são de envolver as crianças com seu enredo, de instigar a mente e comover com a sorte de seus personagens. Divididos entre o bem e o mal – representados por príncipes, fadas e também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as crianças e os adultos desde a sua criação.
 
No livro “Fadas no Divã: Psicanálise nas Histórias Infantis” (Artmed, 2006), Diana Lichtenstein Corso sustenta que “mitos e contos de fadas expressam processos inconscientes. A narração dos contos revitaliza esses processos e restabelece a simbiose entre consciente e inconsciente”. O que chama a atenção da criança é a luta, a vitória do herói sobre as vicissitudes da vida. Nessas estórias, o mal se apresenta tão forte quanto o bem, e “as figuras que os representam não são ambivalentes; pelo contrário, mantêm as polarizações de caráter”, completa Bruno Bettelheim (A Psicanálise dos Contos de Fadas, Paz e Terra, 2000).
 
A psicanálise diz que o maniqueísmo que divide as personagens facilita a compreensão de valores básicos da conduta humana e do difícil convívio social. Se essa dicotomia for transmitida através de uma linguagem simbólica durante a infância, não prejudica a formação de sua consciência ética. No mundo encantado dos heróis, a criança, inconscientemente, se identifica e resolve sua situação pessoal trazendo para o seu mundo exterior e experimentando equilíbrio de ação. Vivemos tempos diferentes, com mudanças de valores e filosofias de vida. Existe um movimento de desconstrução e adaptação dessas estórias clássicas. Uma bruxa que é boa ou uma fada que é má. Autores estão propondo uma mudança, reescrevendo alguns clássicos com abordagens mais realistas e atuais, considerando o relativismo vigente. Na verdade, as opiniões se dividem; os profissionais que trabalham com crianças no pré-escolar dão preferência às estórias com ensinos polarizados, ou seja, eles são identificados como bons ou maus. A forma relativizada é mais utilizada nas séries escolares, nas quais as crianças estão mais aptas a compreender a relativização dos personagens e assimilar as mudanças de atitudes no decorrer da estória, o que proporciona uma visão mais realística do mundo
 
Em plena era tecnológica, os contos de fada ainda atraem crianças e adultos pelo poder de simbolizar e ajudar na solução de conflitos psíquicos inconscientes.
 
* (1) Gestora e (2) alunas do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/a46e3fa6-5c57-417e-ad41-3f43efa58c1c