Intolerância a lactose e alergia ao leite de vaca

Intolerância a lactose e alergia ao leite de vaca
Publicado em 07 de abril de 2014

Leite é importante fonte de nutrientes (Foto: Stock Photos)

Vanísia Cordeiro Dias: Nutricionista, Mestre em Ciência da Nutrição. Professora do Curso de Nutrição da Univiçosa

Comumente a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) tem sido confundida com a intolerância à lactose (IL). Ambas são reações adversas à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares. O que difere as duas patologias é a participação ou não do sistema imunológico e o estado de saúde prévio do paciente. A alergia à proteína do leite de vaca é uma patologia que independe da saúde do indivíduo, e que ocorre com a participação do sistema imunológico, sendo, portanto, imunomediada. No caso das intolerâncias, elas dependem da suscetibilidade do indivíduo e não há a participação do sistema imunológico. Ou seja, é não-imunomediada.

A intolerância à lactose pode ser: primária, caracterizada pela redução geneticamente programada e irreversível da atividade da enzima lactase; secundária, na qual apresenta uma doença primária ou de base (doença celíaca ou doença de Crohn, por exemplo), que causa danos à mucosa intestinal ou aumento significativo do tempo de trânsito intestinal, resultando na diminuição da produção ou atividade da enzima lactase; e a deficiência do tipo congênita, que é uma manifestação herdada geneticamente e resulta de uma modificação do gene que codifica a enzima lactase. A deficiência congênita é extremamente rara e somente foi encontrada em 42 pacientes de 35 famílias.

O tratamento nutricional de ambas as patologias resulta na dieta de exclusão total ou parcial do leite de vaca. Entretanto, o leite é rico em proteínas de alto valor nutricional e gorduras, com destaque para o ácido linoléico conjugado, carboidratos, vitaminas — especialmente as do complexo B, como a riboflavina e a cobalamina — e minerais como o cálcio e fósforo e, no leite integral, vitaminas A e D.

O diagnóstico da APLV e da IL deve ser realizado com cautela e responsabilidade, uma vez que o tratamento baseia-se na exclusão do leite, que é importante fonte de nutrientes. A eliminação do leite na dieta sem adequada substituição e suplementação pode prejudicar o crescimento normal e a qualidade nutricional da dieta. Dessa forma, é importante a avaliação da ingestão alimentar e do estado nutricional do indivíduo durante a dieta de exclusão. Esta necessidade é justificada pela menor ingestão de energia, causa principal de déficit de peso e estatura, déficit de proteínas e de minerais como, cálcio, fósforo e zinco (impactando diretamente na mineralização óssea), vitaminas B2, C, A e folato.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/a3dc859d-8409-4547-9873-6b245abb14fd