Poucas pessoas sabem realmente o que são medicamentos genéricos
Ricardo Antônio Zatti: Farmacêutico, Mestre em “Ciências Farmacêuticas”. Gestor do Curso de Farmácia da Univiçosa/Esuv
A política de medicamentos genéricos no Brasil foi implementada em 1999 através da lei federal 9787/99. A implementação destes medicamentos teve sua origem em anos anteriores, com ampla participação dos setores público e privado. Os debates envolveram o Congresso Nacional, o Governo Federal e as indústrias farmacêuticas. Historicamente, o Brasil iniciou, neste momento, uma grande mudança técnico-científica relacionada à produção e comercialização de medicamentos. Foi uma estratégia que, acima de tudo, priorizava maior igualdade no acesso da população aos medicamentos, uma vez que os genéricos de maneira geral são de menor custo.
O que são medicamentos genéricos? Apesar de um termo incorporado na rotina da população, poucas pessoas sabem realmente o que são estes medicamentos. Os genéricos são medicamentos com o mesmo fármaco (princípio ativo), forma farmacêutica e dose que o medicamento original, de referência. São intercambiáveis (podem ser trocados pelo farmacêutico) em relação ao medicamento de marca. São identificados pela Denominação Comum Internacional (DCI) ou Denominação Comum Brasileira (DCB), seguido da dosagem, da forma farmacêutica e da sigla "G", inserida na embalagem.
A população se envolveu com os genéricos aos poucos. Foi preciso várias campanhas do Ministério da Saúde para que fosse assegurada a confiabilidade por estes medicamentos. Quatorze anos depois, os genéricos estão consolidados nas farmácias e drogarias, e o consumo está em franco crescimento. Estima-se que o setor apresentará um crescimento de 30% nas vendas para próximo ano. Além do aumento no consumo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou recentemente que a patente de vários medicamentos de marca irá expirar nos próximos cinco anos, o que representará maior disponibilidade de medicamentos genéricos.
Esse crescimento significa, acima de tudo, abertura de novas farmácias, drogarias e indústrias farmacêuticas, com ampla perspectiva de geração de inúmeros postos de trabalho para os profissionais que atuam na área.
Apesar de 14 anos de história, o país ainda está construindo uma política sólida de medicamentos genéricos. Enquanto aqui se iniciou em 1999 a comercialização destes produtos, nos EUA esse movimento começou no início da década de 70.