O engenheiro e o software

O engenheiro e o software
Publicado em 16 de outubro de 2015

A utilização de software é indispensável para um bom trabalho, no entanto deve ser feita de maneira racional e responsável

Alex de Freitas Bhering: Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia Estrutural. Professor das disciplinas de Concreto Armado I e II, Planejamento e Controle de Obras e Edifícios.

É notável que, hoje em dia, é praticamente inviável o projetista realizar um cálculo estrutural sem o auxílio de softwares. Inclusive é bastante comum os professores nos cursos de engenharia serem questionados em sala de aula, o porquê de se utilizar cálculos manuais se o software irá realizar este serviço na prática.

A utilização de software é indispensável para um bom trabalho, no entanto deve ser feita de maneira racional e responsável. Não há dúvidas quanto à necessidade da implementação de softwares na elaboração de projetos estruturais. A rapidez e facilidade de realizar diversas simulações durante os cálculos são fundamentais para a otimização de um projeto, buscando sempre o limite da segurança e economia.

No entanto, nenhum software de dimensionamento é capaz de substituir o papel do engenheiro neste processo. A função do software é apenas automatizar os cálculos, gerar desenhos e detalhes com os resultados. Um software na verdade não faz nada além do que foi programado: resolver equações.

As estruturas estão sujeitas a centenas de variáveis e cabe ao software simular estas variáveis com equações matemáticas. Assim, o papel do engenheiro é alimentar o software com os dados corretos para uma simulação mais precisa possível.

Um bom projeto envolve três etapas distintas e igualmente importantes.

A primeira se refere ao lançamento estrutural, ou seja, a definição e posicionamento dos elementos estruturais, como pilares, vigas, lajes, entre outros. Nessa etapa, também temos que lembrar: não há software que possa fazer essa tarefa tão bem quanto um engenheiro. É preciso que o profissional tome decisões que irão influenciar todo o restante da obra. Lançamentos distintos de um mesmo edifício podem gerar projetos com grande diferença de valores. Nesse sentido, o engenheiro deve procurar realizar o lançamento posicionando os elementos de forma a obter estruturas mais econômicas.

A segunda etapa se refere às considerações e critérios utilizados durante os cálculos. Nesta etapa, um bom conhecimento teórico é fundamental para obter bons resultados palpáveis e seguros. O conhecimento e entendimento das normas vigentes auxilia a configuração dos softwares. Um software não deve ser utilizado como uma caixa mágica onde de um lado se insere um problema e do outro se colhe o resultado.

Um bom software permite em suas configurações a alteração de critérios de cálculos, vínculos, parâmetros de normas e uma série de variáveis específicas em diversas situações de projeto. Sem o conhecimento teórico destes parâmetros o engenheiro utiliza apenas o modo padrão do software. No entanto, cada estrutura tem suas peculiaridades e deve ser analisada de forma diferente. Ao utilizar o modo padrão, obviamente, a simulação nem sempre corresponderá à estrutura calculada. Conhecendo e controlando bem estes parâmetros nas configurações dos softwares o engenheiro é capaz de otimizar seu projeto.

A terceira etapa é a análise crítica dos resultados. Um software não tem o chamado "bom senso" e para o programa de computador um resultado é sempre um resultado e pronto. Desta forma, cabe ao engenheiro verificar os resultados e, com uma visão crítica, utilizar o raciocínio lógico avaliar os resultados e questionar-se: este resultado é corente, faz sentido os valores obtidos?

Assim, as primeiras preocupações de um projetista iniciante devem ser de muito aprendizado teórico, estágios e convivência com projetistas mais experientes. Com estes conhecimentos em mente a configuração do software, qualquer que seja, torna-se uma tarefa simples e segura.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/91ef5c30-5aa1-4f36-b184-d91a3fd6df15