Suplementos nutricionais e efedrina

Suplementos nutricionais e efedrina
Publicado em 01 de dezembro de 2010

Uso indiscriminado de efedrina ameaça a saúde

* Grasiely Fernandes Roberto

O mercado de produtos vendidos como suplementos nutricionais cresceu consideravelmente a partir da metade da década de 1990. Atualmente, diversos produtos comercializados como suplementos nutricionais contêm efedrinas, na forma de Ma-Huang (Ephedra sp), sua fonte natural. E são amplamente utilizados no meio esportivo e por praticantes de atividade física em academias sob a promessa de rápida redução de peso e aumento do rendimento físico, apesar de estudos clínicos demonstrarem que esta redução é modesta e ocorre apenas em curto prazo.

A efedrina é um alcalóide simpatomimético que já foi utilizada como descongestionante nasal, broncodilatador e vasopressor, de uso restrito por haver dúvidas quanto à segurança na sua administração. Seus efeitos são de vasoconstrição e estimulação cardíaca, acarretando a elevação aguda da pressão arterial e da frequência cardíaca, além de midríase, insônia, vertigem, cefaleia e ansiedade. Esses fatores fizeram com que sua comercialização fosse proibida no Brasil, mas não impediu a venda ilegal pela internet ou em academias.

Apesar de não serem agentes causais de grande prevalência, o consumo desses suplementos não pode ser descartado em casos de morte súbita de atletas jovens.

Segundo estudo divulgado pela Associação Médica Americana no início de 2006, a efedrina provocou a morte de cinco pessoas, outras cinco tiveram problemas cardíacos, onze sofreram acidente vascular e quatro consumidores tiveram ataques de epilepsia.

No esporte, seu uso é considerado dopping. Em primeiro de janeiro de 2007, entrou em vigor a lista de substâncias proibidas da WADA, sigla em inglês da Agência Mundial Anti-Dopping, e o uso de efedrina foi proibido dentro e fora de competições.

Diante disto, atualmente é consenso na área da saúde e do esporte que a efedrina apresenta potencial efeito prejudicial à saúde e seu consumo deve ser desestimulado, exceto se houver prescrição médica.

Segundo a Professora da Univiçosa Rosilene Barbosa Monteiro (Nutrição e Dietética IV), suplementos, de qualquer natureza, só devem ser utilizados sob orientação. Primeiro é necessário realizar avaliação personalizada da ingestão alimentar, assim como um levantamento das necessidades nutricionais: de energia, macro e micronutrientes. Após a reestruturação do consumo alimentar visando ajustar o mesmo à demanda energética e de nutrientes, se necessário, recomenda-se a utilização de suplementos. A população que possa, eventualmente, ter o uso recomendado são os atletas, por terem gasto calórico elevado com tempo de ingestão alimentar restrito. No entanto, drogas ilícitas como a efedrina, não devem ser recomendadas devido ao seu efeito prejudicial à saúde. Quando não recomendada, a utilização é indesejável e dispendiosa, além de perigosa.

“A automedicação é uma prática comum nos dias atuais e o risco associado inclui reações adversas e interações medicamentosas. No caso da efedrina, um fármaco cuja comercialização foi proibida, os riscos são muito maiores, principalmente os cardiovasculares. A administração por indivíduos hipertensos ou cardiopatas ou até mesmo uma utilização a longo prazo por pessoas saudáveis, pode trazer graves consequências. Portanto, a utilização de medicamentos deve ser realizada sob prescrição médica e, de preferência, com orientação farmacêutica”, afirma a Professora de Farmacologia do Curso de Nutrição da Univiçosa, Délia Chaves.

* Acadêmica do sexto período Curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa. Texto revisado pela Gestora Luiza Carla Vidigal Castro


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/8d98204f-ab5c-424a-8186-01cb1acf87b9