Svetlana Fialho Soria Galvarro: Engenheira Agrícola e Ambiental, Mestre em Engenharia Agrícola. Professora dos cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia Química da Univiçosa.
O cenário epidemiológico de disseminação de doenças via mosquito Aedes Aegypti (dengue, zika e chikungunya) está cada vez mais sendo ampliado devido ao precário saneamento básico das cidades brasileiras. Essa é a real origem desse problema que assola nosso país e começa a se espalhar para outros países. Água parada e resíduos acumulados em terrenos refletem a ausência e/ou precárias condições de saneamento, uma vez que são consequências da falta de abastecimento contínuo de água e manejo adequado de aterros sanitários, entre outras medidas sanitárias. Barris, baldes, caixas d’água mal tampadas servem de condições propícias à proliferação do mosquito porque, grande parte dos municípios brasileiros não conta com um eficaz abastecimento de água de forma contínua o que obriga a população a armazená-la. Além disso, a falta de gerenciamento dos resíduos sólidos acarreta em acúmulo tais como garrafas, pneus e caixas que servem de recipientes para acumular a água.
Medidas como eliminar focos de água parada e retirar lixo de terrenos são necessárias, pois são de curto prazo e conseguem reduzir um pouco a população do mosquito mais famoso do Brasil, mas não acaba com o problema. Enquanto não forem adotadas medidas definitivas quanto ao saneamento básico paralelamente a conscientização da população, estaremos longe de eliminar essa ameaça das doenças causadas pelo Aedes Aegypti que assolam a nossa saúde e estão deixando todo o país em estado de alerta.
A medicina tão avançada do século XXI momentaneamente está perdendo a guerra para um mosquito. Investe-se em tecnologia de última geração para curar as mais variadas doenças, vacinas e remédios potentes são desenvolvidos no combate a doenças, mas não há interesse em pensar no que é essencial. Dengue, Zika e Chikungunya assim como outras doenças poderiam ser evitadas caso houvesse água encanada, aterros sanitários, políticas públicas voltadas para gerenciamento de resíduos, ou seja, se houvesse saneamento que é básico.
Drones cheios de tecnologia sobrevoam áreas para identificar focos de água parada em municípios que sequer dispõem de água encanada. Saneamento básico tem que ser prioridade, deve ser planejado para funcionar de forma eficaz. Caso isso não ocorra, continuaremos a apagar incêndio a conta gotas enquanto o Aedes Aegypti está “sambando” na cara do país do carnaval.