Nova polêmica envolve indústria farmacêutica e comunidade científica

Nova polêmica envolve indústria farmacêutica e comunidade científica
Publicado em 09 de setembro de 2010

Nova polêmica na indústria farmacêutica


É importante que as pesquisas científicas sejam levadas a sério porque seus resultados podem levar a conclusões danosas para a saúde humana. Esta é a opinião do farmacêutico Marcos Rodrigo de Oliveira, Gestor do Curso de Farmácia da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa. Oliveira comentou notícias envolvendo a produção de trabalhos científicos tendenciosos pela indústria farmacêutica.

Documentos confidenciais de uma das maiores fabricantes mundiais do setor, a Wyeth, recentemente incorporada pela Pfizer, demonstram que a empresa plantava sistematicamente artigos favoráveis às suas drogas em periódicos científicos. O fato mais rumoroso foi o do medicamento Prempro, prescrito para reposição hormonal em mulheres na menopausa. Ação pública movida por 14 mil pessoas na justiça dos Estados Unidos indica que a droga causa câncer de mama. A Wyeth contratou empresas especializadas para escrever textos realçando as qualidades do repositor hormonal, deixando de lado seus efeitos colaterais, inclusivo o aumento do risco de desenvolver câncer. Os textos científicos prontos eram cedidos a pesquisadores de renome, que apenas assinavam os trabalhos. Submetidos a periódicos respeitados, eles eram publicados como produções independentes, conferindo credibilidade ao produto.

O escândalo foi descoberto pela médica norte-americana Adriane Furgh-Bergman, da Universidade de Georgetown. Furgh-Bergman publicou artigo sobre a mecânica da fraude na revista “PLoS Medicine”, que obteve autorização judicial para ter acesso a 1500 documentos da Wyeth. Os pesquisadores contratados tinham liberdade parcial para alterar trechos pouco significativos dos textos e ganhavam, em troca, o direito de figurar como autores dos trabalhos científicos. Não há evidências de pagamento em dinheiro pela prática que, nos Estados Univos, não é considerada ilegal, embora imoral.

Em nota, a Pfizer afirmou que tem uma rígida política de transparência científica e que todos os textos publicados sobre seus produtos foram assinados por cientistas de reputação irrepreensível.

“É inaceitável que haja manipulações de dados clínicos para fins lucrativos. Às vezes, quando a pesquisa não chega aos valores esperados, esses resultados não são muito importantes financeiramente, mas podem, sim, ser mais importantes em se tratando de pesquisa científica e evolução”, diz Marcos Oliveira.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/73fc36cf-adf1-4712-a2da-0eb950723a20