* Grasiely Fernandes Roberto
A carambola (Averrhoa carambola) é uma fruta típica de regiões com clima quente e úmido. Foi trazida da Índia para Pernambuco, no Brasil, em 1817, tendo seu cultivo espalhado para outros estados. A carambola possui baixo valor calórico (aproximadamente 40 Kcal por 100 g) e é fonte significativa de vitamina C, vitamina E, folatos, fibras, potássio, luteína, zeaxantina, colina, dentre outros nutriente. A fruta possui também alto valor de ácido oxálico (oxalato), principalmente na espécie mais azeda.
A ingestão da fruta tem sido associada a complicações em pacientes com doença renal, uma vez que ela possui uma neurotoxina capaz de provocar graves alterações neurológicas em pacientes com histórico de nefropatia crônica, envolvendo desde alterações leves como soluços e confusão mental, até quadros mais sérios como convulsões e morte.
Quando uma pessoa com os rins em funcionamento normal ingere a fruta, a neurotoxina é absorvida, filtrada pelos rins e excretada na urina, não acarretando nenhum malefício à saúde. Porém, em pacientes renais, com os rins em funcionamento deficiente, essa toxina absorvida não é excretada e se acumula no sangue, atingindo os neurônios, podendo gerar efeitos mais graves e até letais.
A intoxicação por carambola foi descrita pela primeira vez em 1980 e ainda não há um consenso a respeito da natureza da toxina responsável pelos efeitos do consumo da fruta sobre o sistema nervoso central. Estudos em ratos têm associado a ação do oxalato da carambola com sua neurotoxicidade.
A melhor opção para o tratamento da intoxicação por carambola é a hemodiálise. É importante alertar os pacientes com nefropatia crônica, em tratamento conservador ou dialítico, a não ingerir carambola.
Lembrando que para pessoas com os rins em funcionamento normal a carambola pode ser ingerida normalmente.
Insuficiência Renal Crônica
A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma síndrome clínica caracterizada por uma lesão renal inicial que desencadeia um processo de perda progressiva e irreversível das funções renais, e é definida pela presença de níveis elevados de proteína na urina e/ou redução do ritmo de filtração glomerular por mais de três meses. É um problema de saúde pública, uma vez que 1,4 milhão de brasileiros apresentam algum grau de disfunção renal.
Com a redução da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), há acúmulo de toxinas ou de produtos tóxicos que deveriam ser excretados na urina.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, as principais causas de insuficiência renal crônica são hipertensão arterial, diabetes mellitus e glomerulonefrite.
O paciente portador de IRC em estágios iniciais deve ser submetido ao tratamento conservador que tem como objetivos buscar medidas para retardar a progressão da doença renal, prevenir complicações, modificar comorbidades, e preparar para a terapia de substituição renal, seja hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal.
* Acadêmica do sétimo período de Curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa. Texto revisado pela Gestora do Curso, Professora Luiza Carla Vidigal Castro