Não dê mel para uma criança com menos de 1 ano

Não dê mel para uma criança com menos de 1 ano
Publicado em 06 de março de 2015

Foto: MorgueFile


Viviane Gomes Lelis: Engenheira de Alimentos, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora do Curso de Nutrição da Univiçosa

O mel é um alimento muito utilizado pelos brasileiros, por causa do sabor e dos possíveis benefícios associados à saúde. A composição química do mel varia em função da fonte de néctar e da origem floral do néctar coletado pelas abelhas.

De acordo com pesquisas, o mel de abelhas é anti-inflamatório, antimicrobiano e auxiliar no tratamento de câncer. Apesar dos seus benefícios, o mel não deve ser ingerido por qualquer indivíduo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomenda que crianças com menos de um ano de idade não consumam mel a fim de prevenir a ingestão de esporos da bactéria Clostridium botulinum, que transmite o botulismo intestinal. Não existem restrições ao consumo de mel por crianças com mais de um ano de idade e adultos sem problemas de saúde relacionados à microbiota (flora) intestinal.

No mel é possível encontrar formas esporuladas do Clostridium botulinum. É importante elucidar que, neste alimento, devido ao alto conteúdo de açúcar e baixa atividade de água, o esporo não tem condições de germinar e, portanto, não há produção de toxina.

Crianças menores de um ano de idade são mais susceptíveis ao desenvolvimento da doença devido à imaturidade da microbiota intestinal, o que, ao ingerir alimento contendo esporos, permite a germinação — passa da forma esporulada para a vegetativa —, além da multiplicação e produção de neurotoxina botulínica no intestino infantil.

Nas crianças, o aspecto clínico do botulismo intestinal varia de quadros com constipação leve à síndrome de morte súbita. Manifesta-se inicialmente por constipação e irritabilidade, seguidas de sintomas neurológicos caracterizados por dificuldade de controle dos movimentos da cabeça, sucção fraca, disfagia, choro fraco, hipoatividade e paralisias bilaterais descendentes, que podem progredir para comprometimento respiratório. Casos leves caracterizados apenas por dificuldade alimentar e fraqueza muscular discreta têm sido descritos.

Portanto, pais e educadores, não incluam o mel na alimentação de crianças menores de um ano de idade.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/53459556-8098-4c00-81ba-35ba6746301d