O papel do Enfermeiro na prevenção da obesidade infantil

O papel do Enfermeiro na prevenção da obesidade infantil
Publicado em 22 de novembro de 2013

Cuidado com alimentação é essencial desde a infância (Foto: Stock Photos)

Jaqueline Carrara Folly Valente. Enfermeira, Especialista em Obstetrícia: Professora do Curso de Enfermagem da UNIVIÇOSA

Com o crescimento econômico brasileiro houve um aumento da urbanização, o que privilegiou a migração da população rural para a cidade. Surgiram muitas alterações nos padrões nutricionais e a maior parte dos alimentos consumidos hoje pela sociedade é de alto valor calórico. Também tem ocorrido um grande aumento do sedentarismo, que favorece o aumento do balanço energético, consequentemente da obesidade.

Denomina-se obesidade o acúmulo excessivo de células de gordura no corpo. No Brasil, o número de casos de pessoas com sobrepeso e obesidade vem se revelando como um dado preocupante. A obesidade era muito frequente no adulto, porém, atualmente, as demais faixas etárias também estão sendo atingidas. Não obstante as crianças têm apresentado altos índices de sobrepeso devido à dinâmica familiar que foi modificada induzindo o sedentarismo pelas mudanças que houve principalmente nas formas de lazer e brincadeiras que foram substituídas por horas diárias em frente à televisão e jogos de computadores, assim como a limitação para a prática regular de atividade física.

A obesidade infantil vem apresentando elevado crescimento nas últimas décadas, e por isso já se transformou em um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, gerando, dessa forma, aumento da incidência de doenças não transmissíveis decorrentes da obesidade, tais como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias, dentre outras, podendo haver também consequências psicossociais para a criança obesa, devido à discriminação por parte de outras crianças, causando isolamento social, diminuição da autoestima, depressão e distorção da imagem corporal, contribuindo para que a criança se torne ainda mais sedentária e obesa.

É importante a participação dos pais, educadores e profissionais da área da saúde na formação de bons hábitos alimentares e na construção de uma atitude consciente da criança em relação a uma alimentação saudável. Neste cenário, é necessário destacar o papel do Enfermeiro, que exerce em sua profissão a função educativa peculiar, sendo apto para trabalhar com atividades que estimulam a alimentação saudável na infância.

A família, em sua essência, se torna o primeiro educador em alimentação para as crianças e o fator que provoca atenção no meio familiar é a quantidade de alimentos e não sua composição. Quando os pais demonstram hábitos alimentares saudáveis influenciam a conduta alimentar de seus filhos de forma positiva e duradoura.

Compete ao Enfermeiro envolver a comunidade na participação de ações visando à melhoria da qualidade de vida, realizando ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, através de orientações sobre uma alimentação saudável, prevenindo ganho de peso e proporcionando consulta de Enfermagem, monitorização dos dados antropométricos e solicitação de exames complementares para avaliar os casos de riscos e, quando necessário encaminhar para um profissional especializado.

Na assistência do Enfermeiro à criança, é importante a realização de ações como: vigilância do crescimento e desenvolvimento, orientação alimentar, trabalhar com os pais na prevenção de doenças imunopreveníveis, encaminhamento para a atenção psicossocial e pedagógica, ressaltar com os pais ou responsáveis medidas para prevenção de acidentes, bem como conquistar a confiança e colaboração da família.

Outras formas de trabalho em parceiras são: a educação em saúde e o trabalho multiprofissional, sendo este um processo de ensino-aprendizagem que visa à promoção da saúde, e o Enfermeiro é o principal mediador para que isso ocorra. Destaca-se que este profissional é um educador preparado para propor estratégias que possibilitem transformações nas pessoas e comunidade. Há necessidade de ser repensado também o papel do Nutricionista e sua importância no resgate da nutrição e promoção da saúde e prevenção de doenças e a participação do profissional como membro de uma equipe multiprofissional de saúde em atividades de educação nutricional, ficando evidente que a educação nutricional torna-se parte essencial de educação para a saúde.

Podemos perceber que, nos últimos anos, no Brasil, a mídia tem investido na difusão da adoção de novas práticas alimentares e, com isto, é notada uma mobilização no sentido de adequar os hábitos alimentares. No entanto, cuidados devem ser observados quando for transmitir orientações acerca de alimentação saudável em especial quando referenciar-se a crianças, não devendo restringir-se apenas a dietas nutricionais, mas preparar os pais para obterem os conhecimentos sobre práticas saudáveis.

Atento a essa dinâmica, o profissional de Enfermagem na função de educador desempenha funções não somente na promoção da educação específica da criança e a família, ele deve focar a assistência em âmbito mais expressivo, ou seja, focar os olhares nas necessidades educacionais das comunidades. Desde o nascimento da criança até a fase adulta deve-se ter acompanhamento por profissional de enfermagem, no sentido de analisar o seu desenvolvimento com avaliações periódicas de peso e altura, na perspectiva de averiguar e prevenir sobre patologias que são oriundas de associações promovidas pela alimentação inadequada. O Enfermeiro deverá desenvolver ações voltadas à educação nutricional e, consequentemente, a prevenção, podendo minimizar o crescimento demasiado da população obesa no país, sendo primordial que se torne como ponto de partida o acompanhamento alimentar rigoroso na infância, desde o nascimento.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/477e50cd-9905-4e3c-b4ec-a7e5f78c30e0