* Camila de Melo Marques
O consumo de alimentos orgânicos vem crescendo potencialmente em todo o planeta. O hábito, que há tempos foi considerado uma postura alimentar de meia dúzia de hippies se transformou em um mercado mundial estimado em 51 bilhões de dólares. O consumo de alimentos orgânicos vem crescendo potencialmente. Alimentos orgânicos são aqueles que não contêm aditivos químicos.
Por iniciativa do Governo Federal, a partir 2011 a alimentação orgânica será regulamentada. O produto orgânico deverá ser certificado por uma empresa ou entidade credenciada pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Haverá um maior controle de qualidade e programas de incentivo para diminuir custos e facilitar o abastecimento.
Mas, será que os valores nutritivos dos orgânicos são melhores que dos alimentos convencionais? Essa resposta é uma polêmica. Um estudo publicado no The American Journal of Clinical Nurition (Estados Unidos), em 2009, destaca que as diferenças em termo de nutrientes são irrelevantes. Todavia, outro estudo bioquímico feito na Faculdade de Medicina de Marselha (França), concluiu que as plantas orgânicas continham mais micronutrientes, como ferro e manganês, e que a carne dos animais criados segundo os preceitos orgânicos tinha mais ácidos graxos como, por exemplo, poli-insaturados. No mesmo sentido, outros estudos demonstram que as concentrações de compostos de antioxidantes são maiores em produtos orgânicos, o que os torna mais benéficos ao organismo humano.
Apesar dessas controvérsias, a grande diferença entre alimentos orgânicos e inorgânicos é que alimentos produzidos de forma convencional na maioria das vezes possuem resíduos de pesticidas, que podem se acumular no organismo, aumentando os riscos de distúrbios neurológicos e endocrinológicos, dentre outros. Já os produtos orgânicos são, quase sempre, quimicamente mais limpos, o que restringe a possibilidade de ingestão de tais toxinas.
A Gestora de Nutrição da Univiçosa, Luiza Carla Vidigal Castro, acrescenta que a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) monitora os resíduos de agrotóxicos em alimentos como alface, batata, morango, tomate, maça, banana, mamão, cenoura, couve, laranja, abacaxi, arroz, cebola, feijão, manga, pimentão, repolho e uva. Os dados fazem parte do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. Em 2009, o Programa monitorou 20 culturas em 26 estados do Brasil. Os resultados das análises mostraram que 29% dos alimentos apresentaram algum tipo de irregularidade, como resíduos de agrotóxicos acima do permitido e/ou ingredientes ativos não autorizados. O pimentão foi o campeão das irregularidades, com 80% das amostras insatisfatórias; a uva, com 56,4%; o pepino, com 54,8%; e o morango, 50,8%. A couve, o abacaxi, o mamão, o tomate e a beterraba também apresentaram índices elevados de amostras irregulares, com mais de 30% cada. A batata apresentou melhor resultado, com irregularidades em apenas 1,2% das amostras analisadas
Em meio a tantas opiniões sobre tema em questão, a idéia que prevalece é a de que os orgânicos são melhores que os inorgânicos em alguns pontos, principalmente porque diminuem a poluição no planeta, por não utilizarem produtos químicos em seu cultivo e, por isso, não trazem malefícios à saúde.
* Acadêmica do sexto período do Curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa. Texto revisado pela Gestora do Curso, Luiza Carla Vidigal Castro