Uma das grandes consequências da ausência de farmacêuticos no sistema único de saúde (SUS), além do comprometimento da assistência ao paciente, é o desperdício de medicamentos. No Brasil, este problema adquire proporções milionárias. Em cada armário dos hospitais públicos, postos de saúde, ambulatórios e policlínicas, as sobras e perdas de medicamentos evidenciam o fluxo de dinheiro que os brasileiros literalmente jogam no lixo na forma de ampolas, comprimidos, seringas e cápsulas. Segundo estimativas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o desperdício de medicamentos pelo setor público chega a 20%.
O SUS presta assistência à maior parte da população brasileira. Por ano, são 11 milhões de internações hospitalares, 2,1 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 600 milhões de consultas médicas, 400 milhões de exames laboratoriais e 150 milhões de vacinas.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, 10,7% dos municípios brasileira não contam com os serviços de assistência farmacêutica devidamente implementados. Deste total, 90% apresentam problemas de gestão de recursos e serviços de saúde. Em 71% das cidades do país, foi constatada a falta de controle de estoque ou a sua deficiência, e em cerca de 40%, condições inadequadas de armazenamento e dispensação.
De maneira geral, pode parecer que este complexo sistema não é eficiente por falta de recursos financeiros. Mas, na verdade, ele padece de problemas ligados à gestão e falta de profissionais. Grande parte dos problemas está relacionada ao item medicamento. Estes produtos têm crescente demanda sanitária e econômica, mas não são geridos com a devida atenção. A ausência de farmacêuticos na gestão do SUS em estados e municípios desencadeia problemas que vão dos prejuízos à saúde da população aos desperdícios de dinheiro, afirma o Gestor do Curso de Farmácia da Univiçosa, Ricardo Zatti.