Alunos da Engenharia Ambiental da Univiçosa fazem visita técnica à Serra de São Geraldo

Alunos da Engenharia Ambiental da Univiçosa fazem visita técnica à Serra de São Geraldo
Publicado em 28 de abril de 2015

Professor Daniel com os alunos da Univiçosa

Neste sábado (25) acadêmicos do 3 período do curso de Engenharia Ambiental (noturno) da Univiçosa visitaram trecho da rodovia BR-120, Km 30, na Serra de São Geraldo localizada na cidade de Coimbra. A visita foi conduzida pelo professor Daniel Jaques, Engenheiro Ambiental, Mestre em Engenharia Civil, como parte prática da disciplina “Geologia Aplicada à Engenharia Ambiental”. No local frequentemente ocorrem movimentos gravitacionais de massa relacionados aos aspectos geológicos e geotécnicos.

À movimentação lenta do solo, da ordem de poucos milímetros por ano, damos o nome de rastejo. Esse movimento de massa é um processo antigo que já ocorre nas encostas da região visitada há aproximadamente 40 anos. Apesar de lento o rastejo do solo pode resultar em ruptura, após algum tempo quando a resistência ao cisalhamento é vencida ocorrendo, neste momento, movimentos de massa mais rápidos (de poucos segundos a minutos) como os escorregamentos de terra.

O primeiro grande escorregamento a afetar a rodovia BR-120 nas proximidades do Km 30 ocorreu pelos mecanismos já citados, destruindo parte da encosta que já vinha apresentando sinais gradativos de rastejo com a depressão e rachaduras visíveis no asfalto. Após esse movimento gravitacional de massa a reconstrução da rodovia foi feita desviando-se da área afetada, que necessitou de novos cortes e aterros nas encostas locais e, consequentemente, de movimentação de um grande volume de solo residual proveniente principalmente dos processos de intemperismo sobre o Gnaisse, rocha predominante na região de projeto, o que expôs ainda mais o solo aos agentes erosivos, como a água das chuvas, o vento e a própria ação gravitacional.

A baixa resistência do solo e sua susceptibilidade a movimentos de massa e processos erosivos é verificável de imediato pela observação de antigas cicatrizes nas encostas da Serra, no entorno da área do projeto de reconstrução da rodovia. Entretanto, a falta dessa observação e da adequada investigação do subsolo para identificar o substrato rochoso e suas estruturas previamente à execução do projeto foram determinantes para deflagrar novos escorregamentos e processos erosivos. O novo traçado da rodovia não considerou a influência da direção das camadas e estruturas das rochas em relação à direção do talude resultando em condições geométricas de problemas favoráveis a rupturas que, desde então, vem ocorrendo principalmente no período chuvoso quando o fator água reduz ainda mais a resistência ao cisalhamento.

Na tentativa de conter o processo erosivo e movimentos de massa várias medidas já foram tomadas sem muito sucesso, como: o retaludamento com a divisão do talude maior em taludes menores equilibrados por bermas; sistema de drenagem das águas das chuvas que escoam pelos taludes e bermas, porém subdimensionados; e a construção de um gabião, obra de engenharia feita a partir de fragmentos de rocha de tamanho e forma parecidos, amontoados dentro de “gaiolas de arame”, na beira da rodovia com a finalidade de evitar que sedimentos e fragmentos de rocha chegassem ao asfalto ou o ultrapassem gerando maiores problemas como, por exemplo, o assoreamento de cursos d’água a jusante da rodovia e, até mesmo, acidentes.

Segundo Daniel Jaques “para os alunos foi muito importante visualizar conceitos de geologia de engenharia na prática, observar e tirar conclusões sobre as várias tentativas de solucionar o problema de instabilidade dos taludes na área visitada”.

Na próxima semana os alunos do curso de Engenharia Ambiental do turno diurno do 3 período, farão a mesma visita técnica, como parte do conteúdo prático da disciplina.


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/23c1f6af-5144-4b61-a9bc-f60e91a0fa36