Vetorização de fármacos uma ferramenta para o tratamento de tumores

Vetorização de fármacos uma ferramenta para o tratamento de tumores
Publicado em 23 de maio de 2013

Microesferas chegam às artérias através de um cateter (Foto: Stock Photos)

Ricardo Antônio Zatti*

Atualmente encontram-se em fase de pesquisa vários fármacos para tratamento de diversos tipos de câncer, uma doença silenciosa que, geralmente, tem seu diagnóstico em estágios avançados. Alguns tipos de tumor, como o de fígado e ovário, são descobertos tardiamente, o que muitas vezes inviabiliza o tratamento cirúrgico e, além disso, não apresenta boa resposta à quimioterapia convencional.

A grande dificuldade dos tratamentos convencionais é transportar os fármacos antitumorais do local de administração do medicamento até as células cancerígenas. Os rádiofármacos estão se apresentando como uma boa alternativa terapêutica para tratamento de cânceres em estágio avançado. Entretanto, eles não são bem distribuídos pelo organismo, o que dificulta o seu efeito sobre o tumor.

A vetorização tem se apresentando como alternativa que pode transportar o fármaco até as células alvo, aumentando o efeito terapêutico e reduzindo as reações adversas ao medicamento. A vetorização de fármacos é definida como um processo tecnológico que transporta o fármaco diretamente do tecido onde foi administrado no paciente até o local de ação. O farmacêutico é o profissional que atua diretamente na produção destes sistemas de vetorização.

No Brasil, estão sendo realizadas várias pesquisas relacionadas à vetorização de fármacos antitumorais. Em Minas Gerais existem pesquisadores utilizando técnicas de nanoencapsulação de fármacos e em São Paulo têm se destacado pesquisas utilizando microesferas de vidros que são administradas nos pacientes com câncer, transportando o fármaco diretamente à célula tumoral.

No caso das microesferas de vidro, o fármaco é incorporado dentro destas minúsculas cápsulas, menores que um grão de areia. Elas atacam o tumor de duas maneiras: primeiro interferindo no fluxo sanguíneo que alimenta o câncer e, ao mesmo tempo, por liberar no tumor um fármaco, geralmente um radioisótopo, combate as células tumorais.

As microesferas são produzidas a partir de vidros fosfatos e são introduzidas nos pacientes através de um cateter arterial, num procedimento denominado radioembolização. A utilização deste sistema de vetorização tem aumentado as chances de cura de pacientes com câncer em estágio avançado, e a sobrevida de pacientes terminais tem aumentado de alguns meses para até cinco anos.

* Farmacêutico, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Gestor do Curso de Farmácia da Univiçosa/Esuv


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/1e770136-421a-4296-abfd-994ec153e555