Marcelo Dias da Silva: Médico Veterinário, Coordenador de Extensão do NUPEX (Núcleo de Pesquisa e Extensão da Univiçosa). Professor do Curso de Medicina Veterinária
Nesta semana, em Corumbá (MS), foi registrado um novo caso de raiva humana após 20 anos sem notificações. Um homem de 38 anos estava internado em Corumbá e foi transferido para o hospital Universitário de Campo Grande. O diagnóstico de Raiva Humana foi feito no domingo (19). Ele trabalhava como guardião de piscinas, foi mordido por um cão de rua e 45 dias depois passou mal e procurou atendimento médico.
Corumbá vive um surto de raiva animal com 9 casos caninos confirmados. É a maior cidade do Pantanal, com grande rebanho bovino e de animais silvestres. Naquela localidade, o Centro de Controle de Zoonoses trabalha em regime de plantão para vacinação e captura de animais com alterações neurológicas. Há plantão também de médicos veterinários. Para tentar conter o avanço da raiva, o município segue o protocolo do Ministério da Saúde em casos de surto da doença. O Centro de Controle de Zoonoses agora faz a vacinação de porta em porta. Os animais que ficam soltos nas ruas estão sendo recolhidos. No Brasil, os últimos casos de raiva humana haviam sido registrados em 2013, no Maranhão e no Piauí.
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A raiva é uma zoonose causada por vírus que afeta mamíferos e tem atração pelo sistema nervoso, levando a uma encefalite progressiva aguda e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e, portanto, podem transmiti-la. Devido à gravidade da doença, que é fatal, há amplo combate pelos órgãos de saúde para sua prevenção. Entre uma das mais importantes medidas de prevenção temos a vacinação de cães e gatos contra esta doença. Segundo a literatura da área, com 70% da vacinação da população de cães de um local, consegue-se criar uma barreira sanitária de imunização, protegendo tanto animais, quanto seres humanos. Além da vacinação devemos educar a população sobre guarda responsável de animais de estimação.
Tratamento
No caso do paciente do MS, está sendo usado um tratamento experimental que salvou a vida de um rapaz de Recife (PE), com sequelas, em 2008. Ele está em coma induzido, em isolamento e recebendo medicamento antiviral. Os médicos têm esperança de que o tratamento experimental possa dar uma chance de cura ao paciente.
Em Corumbá, onde o homem foi contaminado, outras 18 pessoas que tiveram contato com animais doentes estão sendo monitoradas pelas autoridades de saúde.