A banalização da questão ambiental

A banalização da questão ambiental
Publicado em 20 de maio de 2013

Catástrofes como terremotos viraram temas banais na mídia (Foto: Stock Photos)


Leonardo Vaz de Melo*

A cada dia somos mais bombardeados pela mídia mostrando grandes catástrofes no Brasil ou em outros países, abordando problemáticas relacionadas à questão ambiental. De uma forma geral, o que fica perceptível é a banalização do assunto, fazendo com que o público já não se assuste com muitos aspectos vistos. Ou seja, problemas comuns ao nosso cotidiano já perderam a capacidade de chocar a população.

Quando ligamos uma TV ou lemos um jornal, já não nos assustam mais as enchentes que deixaram centenas de desabrigados ou os desmoronamentos que soterraram dezenas de casas. Num primeiro momento isso parece uma atitude fria, mas há uma questão política muito séria por trás do tema. Muitos governantes ou representantes de órgãos ambientais são motivados a tomar decisões devido à pressão popular e, com a ausência dessa pressão, muitas medidas deixam de serem tomadas, sejam elas preventivas ou corretivas.

Dentro de uma lógica de planejamento, a administração pública deveria zelar pelo bem-estar da população e usufruir dos mecanismos que possibilitam tal atitude. Atualmente temos uma legislação ambiental corporativamente avançada, embora pouco conhecida pela população, mas que respalda muitas medidas que podem ser tomadas. Na verdade, a própria Constituição Federal já garante a todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo dever do poder público e da população, enquanto coletividade, zelar por isso.

Em muitas situações, pessoas perdem os bens, os familiares ou até mesmo a própria vida. Assistimos isso constantemente e o que é feito? Até aonde vai nossa capacidade de nos chocarmos com os fatos? Acompanhando a questão, podemos perceber que a população tem se mobilizado somente com grandes catástrofes como foi o caso das chuvas e deslizamentos no estado do Rio de Janeiro. Nesse caso, o País se organizou no sentido de ajudar as vítimas e buscar amenizar a situação.

Outro fato ainda mais recente que provocou impacto na opinião pública foi o terremoto no Japão. A tragédia fez inúmeras vítimas, acentuou a discussão sobre a energia nuclear e mostrou que o ser humano não possui o controle da natureza. Através do que foi divulgado pela imprensa mundial, a população se solidarizou e também se preocupou com a questão. Não que essa atitude seja errada. A crítica aqui é pela falta de continuidade dessa mobilização.

Vivemos a chamada era da tecnologia, só que ela muitas vezes fica num plano teórico, longe da realidade. Isso na verdade ocorre com muitos profissionais que trabalham na área ambiental. Possuem um grande conhecimento, mas aplicam pouco. Falta observar o ambiente e buscar identificar problemas que poderão ocorrer em longo prazo.

O importante seria fazer evoluir na humanidade o princípio da sustentabilidade, embasada pelo planejamento e pelo uso das tecnologias disponíveis. Que o conhecimento obtido e a experiência acumulada fossem transformados em ferramentas capazes de amenizar desde pequenos problemas municipais até as grandes catástrofes mundiais. E que a população se sensibilizasse e cobrasse atitudes até mesmo em situações simples nas quais haja omissão do poder público, melhorando a qualidade de vida desejada por todos.

* Bacharel e Licenciado em Geografia, Mestre em Solos. Professor do Curso Superior de Tecnologia em “Gestão Ambiental” na Univiçosa/Esuv


Fonte: https://academico.univicosa.com.br/uninoticias/acervo/0c82fb8d-22d0-46b0-8db7-5ae61e3d7f9c