Lidiane Faria Santos: Química, Mestre em Engenharia Química e Doutora em Agroquímica. Professora dos cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia Química da Univiçosa.
Há algum tempo, o biogás era visto simplesmente como um subproduto da decomposição anaeróbica de lixo urbano e resíduos animais. O aquecimento da economia nos últimos anos e o alto preço dos combustíveis convencionais tem incentivado as pesquisas envolvendo a produção de energia a partir de fontes alternativas e de baixo custo, visando a redução do uso dos recursos naturais esgotáveis.
A composição do biogás depende de vários parâmetros, com destaque para o tipo de biodigestor e o substrato a ser digerido. Os principais constituintes do biogás são o metano de 50% a 75% e o dióxido de carbono de 25% a 40%. Outros gases, como o sulfeto de hidrogênio, nitrogênio, hidrogênio e monóxido de carbono estão também presentes na mistura, embora em quantidades bem reduzidas. O poder calorífico do biogás está diretamente relacionado com a quantidade de metano existente na mistura gasosa.
No Brasil, o grande volume de resíduos provenientes das atividades agrícolas e pecuárias, dos tratamentos de esgotos domésticos e aterros sanitários torna a conversão energética do biogás uma alternativa interessante, pois além de reduzir as emissões de metano tem-se a produção energia elétrica.
A produção de energia elétrica a partir de biogás se tornou comum em vários setores da economia. As granjas de suínos, por exemplo, utilizam o processo de digestão anaeróbica para tratar as águas residuais da limpeza das pocilgas e produzir biogás e, em seguida, convertê-lo em energia elétrica ou energia térmica.
A presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e dióxido de carbono, prejudica o processo de queima tornando-o menos eficiente, pois estas substâncias entram no lugar do combustível no processo de combustão e absorvem parte da energia gerada, podendo ocorrer combustão incompleta, falha de alimentação e perda de potência. A presença do sulfeto de hidrogênio resulta na corrosão precoce, diminuindo tanto o rendimento quanto a vida útil do motor. Sistemas de purificação estão sendo desenvolvidos para corrigir as propriedades naturais do biogás favorecendo a sua utilização como fonte de energia.