* Kelly Cristine de Sousa Pontes
A ceratite ulcerativa é uma afecção ocular muito comum em cães e gatos. Torna-se complicada quando o mecanismo de reparação é inibido ou desequilibrado, o agente causal não foi eliminado ou a lesão foi contaminada. Nesses casos, existe o risco de evoluir para uma endoftalmite.
As ceratites ulcerativas persistentes, não responsivas ao tratamento clínico, devem ser reparadas por meio de terapia cirúrgica. Os objetivos do tratamento cirúrgico são: reparar a córnea e prevenir a progressão da úlcera, proteger a superfície da córnea durante a fase de reparação e evitar a degeneração do estroma. Vários tipos de membranas biológicas vêm sendo utilizadas em procedimentos cirúrgicos oftálmicos reconstrutivos. Dentre elas, a membrana amniótica tem proporcionado excelentes resultados, pois atua como membrana basal, suportando o crescimento do epitélio e da membrana basal corneal e facilitando a migração das células epiteliais.
Na medicina veterinária, a membrana amniótica foi aplicada em ceratectomias penetrantes, simbléfaro, ressecção de tumores esclerais e corneais, úlceras superficiais não complicadas, deficiência de células límbicas, queimaduras químicas e sequestro corneal felino. Este tipo de membrana é de fácil obtenção, coleta e preparação, podendo ser preservada em glicerina 99% a temperatura ambiente, pois se trata de um meio de fácil aquisição, considerado efetivo, barato e prático. Acredita-se que este tipo de tratamento deva ser empregado com mais frequência no meio veterinário, já que apresenta tantas vantagens.
* Professora de “Cirurgia de Pequenos Animais” no Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, mantida pela Univiçosa